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Unicamp | Unidade entre organizações palestinas e estudantes da Unicamp impõe o cancelamento de feira de universidades israelenses

A realização da feira de universidades israelenses que seria sediada na Unicamp no dia 03/03 foi cancelada frente à mobilização dos estudantes e das organizações palestinas. Os manifestantes realizaram um ato em frente ao local onde ocorreria a feira e demarcaram que não aceitariam que a Unicamp compactue e produza conhecimento que sirva ao apartheid imperialista de Israel.

Faísca Revolucionária@faiscarevolucionaria

terça-feira 4 de abril de 2023 | Edição do dia

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Ontem, 03/03, estava marcada a realização da feira de universidades israelenses na Unicamp. Esse evento teria como objetivo a concretização de parcerias entre as universidades através de pesquisas que servem a empresas israelenses e ligadas ao imperialismo norte-americano para massacrar o povo palestino.

O ato teve à frente as organizações palestinas, como a FEPAL, a Juventude Sanaud e a rede Samidoun, assim como várias organizações que compõem o movimento estudantil na Unicamp. A manifestação saiu em marcha até o prédio da Comvest, onde seria sediado o evento. Lá seguiu um protesto que impediu que a feira acontecesse, em solidariedade ao povo palestino, que é massacrado pelo Estado de Israel diariamente.

Entre as universidades israelenses que fariam suas apresentações na feira estão a Universidade de Tel Aviv, Bar Ilan University, e The Hebrew University of Jerusalem, que produzem pesquisas que envolvem o desenvolvimento de tecnologias militares que servem diretamente à repressão do povo palestino e à opressão de mulheres e crianças.

Nós, da Faísca Revolucionária, nos somamos à mobilização que buscava repudiar a realização de tal feira para demarcar que o projeto de universidade que queremos não é o de uma universidade que produz conhecimento a serviço do apartheid e do imperialismo. Nosso conhecimento não pode estar a serviço de uma política de extermínio, e sim a serviço das demandas e interesses da classe trabalhadora internacionalmente.

A reitoria da Unicamp tenta aparecer como democrática e se embandera demagogicamente da política de cotas étnico raciais e do vestibular indígena, que foram conquistas da luta dos movimentos sociais e do movimento estudantil, ao mesmo tempo que o reitor Tom Zé declarou em reunião do Conselho Universitário que não iria cancelar a feira e que a Unicamp deve firmar parcerias com essas universidades, compactuando assim com a opressão de Israel ao povo palestino.

Mas com a força da mobilização es estudantes e as organizações palestinas se colocaram como uma trincheira ao alcance do Estado sionista de Israel e não permitiram que a feira acontecesse. Viva a luta do povo palestino! Palestina livre, do rio ao mar!

Reproduzimos a seguir uma nota unificada dos coletivos presentes no ato:

NOTA OFICIAL EM REPUDIO À FEIRA DE COLABORAÇÃO COM O APARTHEID DE ISRAEL.

“Ontem, segunda-feira dia 03 de abril de 2023, nós, estudantes, professores, servidores e demais membros da comunidade que compõem a Unicamp, ocupamos, junto a organizações brasileiro-palestinas as ruas da Universidade para nos manifestarmos contra a realização da Feira de Universidades Israelenses e, de forma pacífica, deixamos o recado de que não será a Universidade Estadual de Campinas que receberá um estado ilegítimo e colonialista que dizima o povo palestino desde 1947, quando as forças do imperialismo invadiram a Palestina expulsando mais de 700 mil palestinos de seu país.

Viemos a público, por meio desta carta, esclarecer algumas inverdades e calúnias que têm circulado nas redes sociais:

Primeiramente, é importante destacarmos que a reitoria da Unicamp jamais deixou de ser contatada por organizações brasileira-palestinas, dos estudantes e dos trabalhadores da universidade, se manifestando contrários à realização do evento por meio de cartas, abaixo-assinado e até por falas no CONSU, órgão máximo deliberativo da universidade, solicitando o cancelamento do evento. Entretanto, apesar da profundidade dos documentos remetidos denunciando o regime de Apartheid que Israel impõe ao povo palestino, explicitando a ligação da feira de instituições israelenses diretamente implicadas com este regime e seus crimes de lesa-humanidade, dentre os quais o de LIMPEZA ÉTNICA, a reitoria decidiu permanecer com o evento.

Em relação ao ato, acreditamos ser importante tornarmos público que ocorreram diversas situações de assédio moral e de repressão física por parte de membros do evento promotor do Apartheid, que em diversos momentos assediaram manifestantes com celulares em seus rostos na tentativa de gravar a sua identidade e persegui-los depois, medida já conhecida e combatida pelo movimento estudantil. Além disso, tivemos até o momento o relato de uma manifestante que está com hematomas, por conta da repressão física sofrida quando a mesma foi impedida de entrar na feira que ocorria em espaço público, e para a qual estudantes da Unicamp foram oficialmente convidados, a despeito do repúdio e oposição manifestados pela comunidade interna. Ainda mais, conforme nos chegou através de trabalhadores da segurança da Unicamp, houve ordens administrativas impedindo a nossa entrada no espaço. Os organizadores da demonstração do Apartheid israelense, diante desta situação artificialmente provocada e inflada, aproveitaram para criar uma situação de vitimização dos que estavam dentro do espaço, agora tornada narrativa falsificadora, como é regra na conduta sionista. Em momento nenhum o movimento restringiu ou confinou os que estavam presentes no local interior da feira. Pelo contrário, foi a decisão diretiva da universidade que trancou as portas do evento, nos obrigando a permanecer do lado de fora do local e, consequentemente, do lado de dentro os que lá estavam. Ainda assim, os presentes no espaço poderiam ter saído, se assim o tivessem desejado, pela porta que dá acesso à Diretoria Executiva de Relações Internacionais (DERI). Isso não aconteceu por uma decisão diretiva da universidade, conforme o representante da reitoria no local, o professor Dr. Roberto Donato da Silva Junior, para evitar que os convidados saíssem pelas portas dos fundos. Ou seja: fecharam-se as portas do evento para que os manifestantes não entrassem no local e impediu-se que as pessoas saíssem, tudo resultando nesta narrativa fantasiosa e vil de que os manifestantes impediram a mobilidade dos representantes das universidades do Apartheid israelense. Este fato, intencional ou não, deu aos defensores de Israel e de seus crimes argumentos para uma narrativa farsesca e criminalizante dos brasileiro-palestinos e dos que com a Causa Palestina são solidários, conduta já surrada e flagrantemente racista e orientalista ao associar, de maneira preconceituosa, movimentos palestinos a atos de "terrorismo", em reforço a estereótipos acerca dos árabes, muçulmanos em geral e ao povo palestino e sua resistência particular.

Visto que nossa universidade é polo referencial em Ensino, Pesquisa e Extensão, não vamos ignorar que Israel, financiado e fortemente armado pelo imperialismo norte-americano, siga perpetrando crimes de Apartheid e perseguição à Palestina que, por sua vez, resiste e precisa de apoio nas denúncias dos crimes cometidos contra seu povo. As Universidades israelenses estão ligadas à construção do regime de Apartheid, denunciado pela ONU, pela Harvard Law School e outras instituições de direitos humanos internacionais, ao gerar conhecimento e tecnologia aplicadas ao território ocupado. Desta forma, não devemos aceitar como normal a colaboração e relações institucionalizadas com aqueles que promovem uma ocupação ilegal, expulsando de suas terras, perseguindo e assasinando palestinos impunemente.

Precisamos ainda falar sobre os crimes cometidos, não pelos estudantes e manifestantes, mas pelas universidades Israelenses que estavam presentes no local. A Universidade de Tel-Aviv, participante do evento, desde 2018 faz parcerias com a empresa Elbit Systems, responsável pela produção de armas presentes no massacre cotidiano dos palestinos, pela contratação de seus alunos e venda de tecnologias produzidas pela universidade para o uso em drones militares. A Universidade de Tel-Aviv ainda possui parcerias com diversas outras empresas do ramo bélico (como a Rafael, IAl, Bet Shemesh Engines, Negev Nuclear Research Center, além da Elbit System) e com o serviço secreto Israelense, o Mossad, responsável pelo assassinato, tortura e sequestro de diversos palestinos que resistem ao sistema de segregação racial imposto por Israel desde 1948 [1]. A universidade de engenharia Technion, também presente no evento, é peça fundamental do complexo bélico israelense e possui parcerias também com as empresas Elbit Systems e Rafael. Com esta última, produziu os foguetes Ramtech, que hoje explodem diariamente em diversos locais do território palestino, como a faixa de Gaza, assasinando inclusive crianças [2]. As demais universidades presentes no evento, a Universidade de Bar Ilan, a Universidade Hebraica de Jerusalém e a Universidade de Haifa também possuem ligações com o complexo industrial-militar Israelense, além de perseguirem e discriminarem seus alunos palestinos [3] [4] [5]. Não caberia entrar em todos os detalhes aqui minuciosamente, pois as ligações com o Apartheid e com a colonização do povo palestino são inúmeras e tornariam esta carta demasiadamente extensa.

Assim, reafirmamos que a Unicamp é território livre de Apartheid e que luta por uma Palestina Livre, Laica e Democrática! Nos colocamos à disposição no combate ao genocídio do povo palestino.

Palestina Livre! Do rio ao mar!

Assinam esta nota:

Fepal - Federação Árabe Palestina do Brasil
Sanaúd - Juventude Palestina
Samidoun
Caminho Palestino Revolucionário Alternativo
Alkamara
Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada
Monitor do Oriente Médio (MEMO)
Fórum Latino-Palestino
Frente em Defesa do Povo Palestino
Coletivo ANURA
JPT Unicamp
ParaTodos Unicamp
Kizomba
Coletivo Viramundo
UJS - União da Juventude Socialista
Movimento Correnteza
UJC - União da Juventude Comunista
UJR - União da Juventude Rebelião
Movimento de Mulheres Olga Benário
JUNTOS Unicamp
Afronte
MUP - Movimento Universidade Popular
DCE Unicamp
APG Unicamp
Faísca Revolucionária
Pão e Rosas”




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