Enquanto os trabalhadores lutam contra o nefasto plano de Tarcísio de privatização dos serviços públicos, o governo Lula-Alckmin serve de trampolim para o governador de São Paulo concretizar este plano, mostrando como a política de conciliação de classes fortalece a extrema-direita. As Centrais Sindicais precisam organizar já um plano de lutas contra as privatizações e as terceirizações de Tarcísio.
quinta-feira 29 de fevereiro | Edição do dia
O leilão do Trem Intercidades (TIC) Eixo Norte, que ligará as cidades de Campinas a São Paulo, acontece nesta quinta-feira (29), com duas empresas estrangeiras concorrendo: a CCR, conhecida pela administração catastrófica de linhas de trem e metrô da “Via Mobilidade” e “Via Quarto”, e a empresa chinesa “Comporte”.
Além do TIC, será leiloado conjuntamente a Linha 7-Rubi da CPTM, em mais um passo dado pelo governador para a privatização completa do transporte sob trilhos de São Paulo, que já conta com as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda privatizadas, onde a população sofre diariamente com falhas e acidentes.
Tarcísio chega ao leilão após “tour” de alguns dias na Europa, para negociar e oferecer mais privatizações dos nossos recursos nacionais às empresas estrangeiras, como as espanholas Sacyr e Acciona, condenadas na Espanha por um escândalo de formação de esquema de cartel que durou mais de 25 anos. Acciona, empresa imperialista conhecida também pela ultraexploração de seus trabalhadores, que gerou recentemente uma greve importante dos trabalhadores da Construção da Linha-6 Laranja contra .as condições de trabalho que a empresa os submete.
Esse processo de privatizações não acontece sem a resistência dos trabalhadores, que ano passado protagonizaram fortes greves que ganharam apoio popular e fizeram o governador ter que recuar em seu discurso. Trabalhadores da Sabesp, da CPTM, do Metrô e professores se unificaram e, em apenas um dia, foram capazes de fazer o governo tremer, mostrando a disposição de luta e a força que os trabalhadores possuem para se unificar e lutarem juntos.
O leilão que ocorre hoje da Linha 7 Rubi apenas enriquece o bolso dos capitalistas às custas dos trabalhadores. Frente a isso é urgente retomar a mobilização contra as privatizações. As centrais sindicais precisam sair da paralisia que estão e organizar a luta! Basta!
— fepeluci (@fepeluci) February 29, 2024
A resposta do governo foi perseguição e demissão de lutadores, para fazer descer goela abaixo os ataques. A privatização significa não somente a precarização do trabalho, com a terceirização diminuindo os direitos e os salários dos trabalhadores, como também a precarização dos serviços à população, com taxas cada vez mais estrondosas repassadas para a população que necessita do serviço.
Enquanto os trabalhadores lutam e sofrem com os ataques, perseguição e demissões, o governo Lula-Alckmin serve de trampolim para o governador de São Paulo de extrema direita concretizar seu plano nefasto de enriquecimento dos empresários.
Confira a fala de Felipe Guarnieri, diretor do Sindicato dos Metroviários e militante do Movimento Nossa Classe, no ato unificado contra as privatizações de Tarcísio realizado ontem (28).
O processo de privatização da água de São Paulo está sendo levado a cabo com o financiamento federal, assim como foi no Rio de Janeiro. Em evento que significou um verdadeiro deboche com os trabalhadores, Lula anunciou, de mãos dadas com o bolsonarista Tarcísio, a entrega de mais recursos públicos bilionários para construção do Túnel Santos-Guarujá; o governo de frente ampla segue sua agenda neoliberal por meio do BNDES, órgão responsável por todas as privatizações do governo federal e dos governos estaduais. Da Petrobras à Sabesp. Dos transportes aos portos. Um mecanismo particular da economia nacional, fortalecido pelo arcabouço fiscal e a política das PPP’s criada por Haddad, para estimular os ajustes neoliberais da economia.
Esse cenário deixa claro como a política de conciliação de classes fortalece a extrema direita enquanto que a luta de classes se mostra como o único caminho possível para derrotá-la.
E no terreno eleitoral em São Paulo, a “fórmula mágica” que o PT e o PSOL encontraram para derrotar o candidato de Tarcísio, Ricardo Nunes, é replicar a frente ampla de conciliação com a chapa Boulos e Marta Suplicy, essa que votou a favor da Reforma Trabalhista e que há um mês era secretária de governo do próprio… Nunes.
Mas não existe fórmula mágica na política. O caminho do vale-tudo para se mostrar viável para a burguesia de SP respeitando os interesses dos capitalistas levará inevitavelmente ao resultado de descarregar a crise nas costas dos trabalhadores. Não à toa, Boulos se calou durante todo o processo de mobilização e luta protagonizado pelos trabalhadores contra Tarcísio ano passado.
Tarcísio já deixou claro que seu desejo e seu objetivo não é parar na privatização do Trem Intercidades ou da Linha 7-Rubi, o governador já incluiu todas as linhas da CPTM na lista de empresas a serem privatizadas e prometeu privatizar também o Metrô, além de escolas e hospitais. Somente a mobilização da classe trabalhadora em aliança com os movimentos sociais e a população de São Paulo pode derrotar de fato a extrema direita e todos os ataques.
No âmbito das eleições neste ano, a única alternativa verdadeiramente “viável” seria a construção de uma candidatura que esteja à serviço de fortalecer essa mobilização, enquanto uma alternativa de independência de classe que se enfrente com os capitalistas. Essa é a propostado Movimento Revolucionário de Trabalhadores para a esquerda que quer construir uma alternativa independente.
Rechaçamos esse leilão que acontecerá hoje, que enriquece o bolso dos capitalistas às custas dos trabalhadores, e levantamos a necessidade de retomar com toda força a mobilização. As centrais sindicais possuem um papel chave nisso. A CUT e a CTB, ao invés de defenderem os interesses do governo soltando até nota de defesa do BNDES, deveriam convocar, construir e organizar os trabalhadores nos locais de trabalho para colocar em cena a classe trabalhadora com seus métodos, com assembléias e comandos unificados das categorias, para construir uma greve geral em SP contra as privatizações.
