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Crise ambiental | Sede de lucro da Braskem coloca Maceió sob risco de afundamento do solo e enorme tragédia capitalista

Na quarta-feira (29), a Defesa civil de Maceió emitiu alerta para que a população não se aproximasse da laguna Mundaú, local onde se localiza a atividade mineradora de exploração de Sal-gema da empresa Braskem, com diversos bairros em risco de afundamento do solo, uma tragédia capitalista. Basta do lucro acima das vidas!

Julia CardosoEstudante de Ciências Sociais da USP

sexta-feira 1º de dezembro de 2023 | Edição do dia

A cidade de Maceió enfrenta o risco de tragédia com a mineradora da Braskem, cuja exploração predatória dos recursos da região já gera abalos no solo e traz risco de possível desabamento na cavidade 18 da mineração, o que geraria um extenso alagamento. O risco de tragédia dessa atividade assombra a capital de Alagoas desde 2018, quando ocorreu na região um abalo sísmico, e até hoje não se finalizou o processo de preenchimento e estabilização.

Os moradores enfrentaram também a liberação de cloreto de sódio pela usina, o que obrigou 55 mil de maceioenses a abandonarem suas casas, com mais de 17 mil imóveis sendo esvaziados e milhares de desabrigados. Além disso, um hospital teve que ser evacuado às pressas.

Ou seja, solucionar os danos ambientais que a mineradora vem causando, que afetam a vida de milhares de moradores da região, como vimos no caso de Brumadinho, não está no centro das preocupações da empresa. O cenário coloca a possibilidade de uma tragédia completa, ainda mais porque ao lado da cavidade 18 que gera esta alerta, temos a cavidade 7 e 19. Ou seja, se ambas cederem o solo, o estrago há de ser gigante.

Para os trabalhadores o cenário é de abandono das próprias casas, sem necessariamente saber para onde ir, isso se conseguirem sair há tempo, ou seja, um enorme risco de vida. Isso se explica pelo fato de que são os lucros que movem a atividade mineradora da Braskem, muito acima da preocupação com a segurança dos moradores da região da mina. Vemos aqui mais uma vez a natureza cedendo devido à exploração capitalista sem precedentes e os trabalhadores e população pobre pagando com as consequências. Crise ambiental criada pelo capitalismo sendo paga com a (qualidade de) vida dos trabalhadores às custas de inflar os bolsos das grandes empresas.

O Estado também é responsável devido ao favorecimento aos empresários e interesses financeiros sobre a exploração de riquezas brasileiras. Assim, dá abertura para essa exploração sem precedentes das empresas privadas, sendo responsável também por não garantir segurança nas obras, não concluir a estabilização física da região iniciada há cinco anos e, ainda mais, não garantir abrigo à toda população, de modo a manter pessoas sob o risco de perder as casas e a vida a qualquer momento. Esse é o cenário de milhares de pessoas que ainda não conseguiram deixar a região, 14.543 imóveis estão vulneráveis ao deslocamento e devem ser desocupados. Neste ano, 14.446 foram evacuados e 97 ainda têm a desocupação pendente.

Inclusive o governo federal de Lula-Alckmin não atuou para quebrar o ciclo de exploração sem precedentes que coloca a população em risco. Pelo contrário, o PT liberou a sua base para votar no Marco Temporal apesar dos recentes vetos de Lula. Ataque esse que atua com conivência com a exploração ambiental, além de expulsar mulheres de indígenas de suas terras.

O único caminho que pode ser seguido para findar o uso do meio ambiente a serviço dos lucros é batalhar por uma resposta operária aos problemas colocados, partindo da organização da população trabalhadora de toda a região para exigir condições básicas de se proteger do risco colocado, com garantia de abrigo às famílias nas áreas de risco. Além disso, é preciso lutar pela estatização da mineradora sob gestão de trabalhadores e controle popular, atacando os lucros capitalistas, com os próprios trabalhadores da Braskem controlando um processo de transição ecológica que supere esse modelo predatório de mineração, para que os recursos sejam extraídos de acordo com as necessidades e interesses da população trabalhadora brasileira, em consonância com a preservação ambiental e das populações locais.

É preciso unir a população trabalhadora do campo e da cidade junto aos povos indígenas, também atingidos por esse projeto de exploração, e depositar toda a confiança no único caminho que pode enfrentar a lógica dos lucros: a mobilização. Uma mobilização que precisa ser independente do governo, exigindo que as centrais sindicais e sindicatos organizem a classe trabalhadora em cada local de trabalho para responder a essa situação. Essa é o único caminho para efetivamente responsabilizar os capitalistas e seus governos pelos crimes ambientais que destroem a biodiversidade do país e a vida da classe trabalhadora.




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