×

Pacto Conservador | STF e Lula preservam generais interventores citados no caso Marielle

Thiago FlaméSão Paulo

quinta-feira 28 de março | Edição do dia

Na decisão do STF que determinou a prisão de Rivaldo Barbosa, e responsabilizou a familia Brazão pelo assassinato de Marielle e Anderson, o general foi inocentado de qualquer suspeita de envolvimento ou acobertamento do caso. Ele foi ludibriado por Rivaldo Barbosa, de acordo com o STF.

Então, no melhor dos casos, temos agora a situação de que o chefe do Estado Maior do exército foi enganado e trapaceado por um Rivaldo qualquer, um peão do submundo do crime carioca. Uma situação vergonhosa para uma casta que se percebe como a elite intelectual do país, a guardião maior dos interesses nacionais.

Não foi a única vergonha que os mais graduados oficiais do exército passaram nos últimos dias. Na ânsia de preservar de alguma maneira a honra dos generais brasileiros, os editorialistas do jornal Folha de São Paulo, depois de falar meia dúzia de bobagens sobre como o marxismo concebe o papel do indivíduo na história, encontraram em Freire Gomes um militar corajoso. Seu ato de heroísmo? Se coloca contra um golpe fanfarrão, com todo o respaldo da Cia e da Embaixada dos EUA que já haviam vetado a aventura bolsonarista contra as urnas eletrônicas. Assim anda a moral da oficialidade brasileira, circulando pelos mesmos corredores que o central e sendo corajosos o suficiente para se alinhar com os EUA e a maioria da burguesia brasileira que apoiava a chapa Lula/Alckmin.

Um preço pequeno a se pagar, a honra, em nome da impunidade e de grandes negócios. Ao mesmo tempo que boa parte do Alto Comando se alinhou ao STF no processo contra Bolsonaro para se livrar da responsabilidade pelos crimes cometidos, uma avenida está aberta pelo governo Lula para a indústria de defesa brasileira, um nicho de grandes negócios para a cúpula militar. Os acordos do submarino nuclear com a França voltaram a andar, e a visita de Macron é também uma forte sinalização nesse sentido. Na disputa entre EUA e China também buscam o máximo benefício próprio, se abrindo para a visita da delegação militar chinesa, que ocorreu ano passado e discutindo nos EUA o futuro da Amazônia, numa universidade no Missouri, junto com magistrados brasileiros.

Voltando às besteiras escritas pela Folha sobre Marx é preciso dizer que para os marxismo os indivíduos cumprem também um papel importante no curso da história. Os personagens que adquirem relevância nos curso dos acontecimentos históricos não são simplesmente o resultado inevitável dos acontecimentos. A relação é mais complexa. Cada época histórica forja as pessoas que colocarão sua marca própria no curso dos acontecimentos. O ser humano faz sua própria história, e o papel dos indivíduos pode inclusive chegar a ser decisivo, mas os indivíduos e as classes não atua no vazio, mas limitados pelas condições históricas legadas pelos seus antepassados.

É possivel dizer que se Marx tivesse morrido antes de elaborar a teoria da revolução do proletariado, de alguma outra forma a classe trabalhadora teria encontrado o caminho para uma teoria para tomar consciência de sua grandiosa tarefa histórica. O Capital e o Manifesto COmunista, que carregam a marca da genialidade de Marx não teriam sido escritos como tal. Mas por ser a classe trabalhadora a que pela sua própria situação no sistema capitalista pode livrar a humanidade da decadência capitalista, ela é capaz de atrair para si os melhores indivíduos até das classes inimigas. Heroísmo, coragem, solidariedade e a capacidade dos maiores sacrifícios em nome das causas coletivas não faltam nos indivíduos que se colocam ao lado do proletariado na luta pelo futuro comunista da humanidade. As revolução forjam grandes pessoas, por seus objetivos são grandiosos.

Da mesma forma, o capitalismo decadente precisa buscar seus líderes no que existe de pior e mais abjeto. Um capitão expulso do exército, virá o grande lider da direita no Brasil, enquanto um ser como Milei, que diz conversar com o espírito dos seus cachorros falecidos, é o lider do mesmo espaço político no país vizinho. Atrás dessas personalidades minúsculas, os capitães da indústria, do campo e das finanças alinham seus interesses para seguir o caminho da devastação de direitos e de recursos naturais. A FOlha ao tentar salvar um pouco da honra dos militares, ao se enveradar pelo caminho de um debate teórico com o marxismo sobre o papel do índividuo na hisória, acabou reveledando a sua amargura e perplexidade com a situação da sua classe, que aglutina em torno de si o pior, os trapaceiros, oportunistas e criminosos de todos os calibres.

Não poderia ser cumprido por outro personagem o papel que Lula cumpre para a burguesia brasileira. Na Argentina, ou mesmo nos EUA, a burguesia se recente de não ter a sua disposição um personagem como Lula. Forjado em grandes greves, como o líder operário moderado, mas com grande influência nas massas, foi fundamental nos últimos quarenta anos na preservação da ordem burguesa e mais uma vez foi chamado a cumprir o papel para o qual foi forjado pela história. Mas aqui também, a forja da história é operada pelas nossas próprias mãos. Será que Lula seria o que é se os dirigentes dos partidos como o PSOL, ou o próprio PSTU apesar de estar na oposição, ao invés de criar e recriar ilusões sobre o Lula tivessem desde os anos oitenta seguido o caminho da construção de um partido revolucionário com uma política independente?

Impossível fazer história contra fática. Para infelicidade da burguesia, Marx não morreu sem antes ter escrito o Manifesto Comunista, O Capital e fundado junto com Engels grandes partidos operários. Se o conteúdo do passado é ainda atravessado pelas disputas do presente, o futuro em que essa parada vai ser decidida é, ainda, uma página a ser escrita, dentro dos limites que a história nos coloca. As alternativas que temos adiante estão marcadas a ferro e fogo pelo curso de toda a história da humanidade que nos trouxe até aqui. Estamos chamados a escolher um lado, de uma disjuntiva a qual não podemos escapar: Socialismo ou barbárie? São as forças ativas desse combate que decidirão o futuro, enquanto os indiferentes, como dizia Gramsci, são o peso morto da história.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias