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Precarização da educação | Resultado do concurso da educação de MG comprova que Zema só o fez para facilitar seu RRF

Saiu hoje o resultado da prova objetiva do concurso para a rede estadual de educação de MG. Sem ao menos o resultado da correção das redações, o número de classificados para alguns cargos é bem menor do que o número de vagas ou inclusive com nenhum aprovado. Isso mostra o que já sabíamos: Zema fez um concurso “para inglês ver”, de forma que tivesse mais margem para tentar tramitar seu Regime de Recuperação Fiscal e congelar concursos por 9 anos.

MaréProfessora designada na rede estadual de MG

segunda-feira 4 de dezembro de 2023 | Edição do dia

Logo ao fim das provas objetivas e discursivas do concurso da SEE/MG, professores e outros trabalhadores da educação já sabiam que esse foi um processo seletivo feito para não passar. O governo Zema, que tem sido especialista em atacar a educação, sequer disfarçou que seu objetivo nunca foi contratar professores efetivos. É claro que para um governo que avança inclusive na privatização de escolas, o melhor é manter um batalhão de professores designados, sem os mesmos e já poucos direitos que os efeitos, sem estabilidade e ainda submetidos a novas regras de contratação temporária que são cruéis.

O resultado preliminar das provas objetivas escancara que o governo de MG apenas procedeu com este concurso porque quer avançar com o seu Regime de Recuperação Fiscal e, para isso, poder dizer que podemos ficar os próximos nove anos sem concurso público porque já tivemos um esse ano. Pior: não seria estranho ver o governador de extrema direita dizer por aí que os professores reclamam por seus direitos mas não têm competência para passar em uma prova da Fundação Getúlio Vargas. É melhor que lave a boca antes mesmo de dizer algo do tipo, pois os professores e trabalhadores da educação de MG garantimos o direito à educação para os filhos dos trabalhadores e da população pobre APESAR das condições às quais o Estado nos submete e submete nossos alunos e toda a comunidade escolar.

Para ilustrar: para preencher a quantidade de vagas disponíveis para ATBs na Metropolitana B seria necessário que quase 100 outros candidatos tivessem sido classificados na prova objetiva, que nenhum deles fosse desclassificado na redação e que todos tomassem posse. A quantidade de classificados na prova objetiva de biologia na Metropolitana C é mais de três vezes menor que as 119 vagas, sem contar que essa quantidade de vagas é extremamente insuficiente para uma região com 166 escolas nas quais sabemos que dificilmente todos os professores de biologia são efetivos.

Para o cargo de psicólogo para atuar nos Núcleos de Acolhimento Educacional, o que sabemos ser tão caro para a educação em tempos de adoecimento mental da juventude e dos trabalhadores, foram 3.595 inscritos em todo o estado. Porém, de Almenara a Varginha, passando pelas três metropolitanas que englobam BH, apenas 120 profissionais foram classificados nesta primeira fase. Ou seja, apenas 3,3% terão sua redação corrigida, e não é garantido que todos sejam aprovados ao final.

O edital do concurso já tinha regras bastante restritivas, como a absurda falta de cotas raciais, que é a cara da extrema direita racista, a falta de vagas para ASBs, uma maioria de mulheres negras que fazem parte do coração das escolas e Zema sequer oferece o direito de tentarem ser funcionárias públicas como os demais, ou uma definição de quantidade de redações a serem corrigidas que já limitava bastante o tamanho do cadastro reserva, que por sua vez também já era previsto ser aquém das necessidades da educação hoje. Mas essas regras sequer precisaram ser usadas: tampouco há aprovados para o preenchimento de vagas, menos ainda para cadastro reserva. E esse número vai diminuir com a correção das redações e outros contratempos.

Há semanas tem sido discutido no chão das escolas o que fazer com relação a esse concurso absurdo. O nosso sindicato, o SindUTE-MG, deve organizar esse debate para decidirmos democraticamente qual é a reivindicação dos trabalhadores da educação para garantir o preenchimento de todas as vagas e o preenchimento de um cadastro reserva condizente com as necessidades dos trabalhadores e das escolas, mantendo os já classificados.

Nós, do Movimento Nossa Classe Educação, chamamos a cada trabalhador e trabalhadora desclassificada a não baixar a cabeça diante desse desrespeito do governo Zema com profissionais qualificados que, em grande medida, já atuam todos os dias nas escolas, e enfrentarmos mais esse ataque que se soma à denúncia de vários outros. Nossa força está em nossa unidade e organização desde as bases, para não sucumbirmos à precarização que os governos nos impõe e derrotar o Regime de Recuperação Fiscal pela luta, sem confiança na conciliação de classes.

Veja também: Conciliação de classes ou Frente Única Operária: um debate a partir da luta contra o Regime de Recuperação Fiscal de Zema em MG




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