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OFENSIVA BÉLICA | Reino Unido votou hoje no parlamento ir à guerra na Síria

O primeiro-ministro David Cameron defendeu quinta passada na Câmara dos Comuns ampliar os ataques aéreos no território sírio para combate o Estado Islâmico na Síria e a necessidade de somar-se à coalizão liderada pelos Estados Unidos, como uma ação em “interesse nacional”.

Alejandra RíosLondres | @ale_jericho

quinta-feira 3 de dezembro de 2015 | 00:52

Foto: EFE, Etienne Laurent.

Em seu discurso de 26 de novembro, Cameron havia deixado claro que somente pediria a votação à Câmara dos Comuns se houvesse consenso suficiente entre os partidos políticos. Deste modo, queria garantir os votos necessários dos partidos para que não se repetisse o fiasco de agosto de 2013, quando perdeu por 285 à 272 a votação de juntar-se à coalizão liderada pelos Estados Unidos, devido à deserção de vários deputados conservadores que decidiram fazer causa comum com os trabalhistas.

Nesta ocasião, vários deputados conservadores e destacados deputados trabalhistas expressaram seu apoio à ampliação dos ataques aéreos na Síria e que o Reino Unido participe ativamente nas operações aéreas. Assim se abriu o caminho para o voto parlamentar, que finalmente teve lugar nesta quarta, 2 de dezembro.

À luz do giro da situação que trás os terríveis atentados de Paris, o primeiro-ministro declarou estar “convencido” mais do que nunca de que o Reino Unido deve estender à Síria os ataques aéreos contra os jihadistas no Iraque, no qual já participa. Ademais, Cameron foi o primeiro líder internacional a viajar à capital francesa logo após os atentados e em sua reunião com o presidente Françoise Hollande, ofereceu-lhe o uso da base militar britânica no Chipre. Cameron junta-se assim à cruzada bélica de outros líderes europeus.

Revuelta en el Laborismo

O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, enfrenta uma revolta de sua própria equipe de “governo na sombra” em torno da extensão dos bombardeios à Síria, proposta pelo primeiro-ministro.

Em uma reunião posterior à apresentação de Cameron da Câmara dos Comuns de quinta passada e depois d um debate de quatro horas, o “gabinete na sombra” trabalhista evidenciou sua grande fratura ideológica, com somente seis membros dispostos a endossar a posição pacifista de seu líder.

Na segunda reunião de sua equipe na segunda, 30, Jeremy Corbyn não conseguiu chegar a uma decisão coletiva e, apesar de sua oposição pessoal aos bombardeios, optou por dar liberdade de voto aos seus deputados, tal como lhe sugeriu seu braço direito John McDonnell, afim de evitar uma rebelião nas fileiras dos trabalhistas
Diane Abbott, a deputada pelo popular bairro londrino de Hackney, estava a favor de impor um voto sob disciplina. No entanto, esta jogada poderia ser mais arriscada para o novo líder trabalhista, já que os membros do gabinete na sombra que desafiam a disciplina partidária de voto devem renunciar, o que resultaria em uma crise política aguda.

Entre os mais ferrenhos defensores de que o Reino Unido participe da campanha internacional na Síria, encontra-se o destacado Hilary Benn, de Assuntos Exteriores. O filho do histórico deputado trabalhista de esquerda Tony Benn declarou ao canal BBC: “Há uma clara ameaça contra nossos cidadão e nossa nação... a primeira responsabilidade como parlamentar é tomar as decisões corretas para proteger a nação”.

Em um tenso final de semana, Corbyn defendeu sua postura em uma carta enviada a cada membro de seu grupo parlamentar, na qual declarava que “o primeiro-ministro tem sido incapaz de explicar a contribuição a um acordo político negociado sobre a guerra civil síria e do adicional bombardeio do Reino Unido ou seu factível impacto na ameaça de atentados terroristas”. Neste documento conclui: “Por essas e outras razões não acredito que a atual proposta do primeiro-ministro de ataques aéreos na Síria vão proteger nossa segurança e, portanto, não pode apoiá-la”.

O coletivo Momentum, que agrupa os simpatizantes de Corbyn, tem participado na comunicação da carta de protesto e pediu aos seus simpatizantes que a enviem com urgência aos seus representantes parlamentares. Corbyn conta também com Len McCluskey, o secretário geral de Unite, entre seus mais fiéis aliados. Por outro lado, uma pesquisa telefônica realizada no final de semana entre membros do partido trabalhista concluiu que 75% dos entrevistados se opõem a ampliação dos ataques aéreos britânicos à Síria.

Mas além da decisão de Corbyn de dar liberdade de voto permitir fechar temporariamente as fissuras abertas, o movimento trabalhista é um partido em pé de guerra com fortes divisões nas quais a continuidade de Corbyn como líder poderias estar em perigo. A crise ao redor da votação de hoje é um reflexo de contradições mais profundas e dos desafios que esta formação tem daqui por diante.

O coletivo “Stop the War” também saiu em defesa da postura do novo líder trabalhista, convocando um protesto de última hora no Parliament Square, em frente ao palácio de Westminster, com o intuito de influenciar no voto dos deputados indecisos. A consigna central da reunião é “Protesto de emergência: Não deixemos que Cameron nos leve a outra guerra!”. Uma grande multidão de manifestantes esteve presente para dizer bem forte “Não bombardeiem a Síria!” e desde ali marcharam até as sedes centrais dos partidos trabalhista e conservador.




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