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Reforma da Previdência | Refinaria da Normandia: Enorme demonstração de solidariedade frente a reintegração

O governo busca derrotar a greve dos petroleiros pelas reintegrações de refinarias. Nesta sexta-feira, na refinaria da Normandia, a maior da França, uma grande manifestação de solidariedade convocada pela CGT Total Normandy e a Rede pela Greve Geral respondeu a repressão, reunindo vários setores e personalidades.

domingo 26 de março de 2023 | Edição do dia

Crédito da foto: Révolution Permanente

Diante do agravamento da escassez de combustível em postos e aeroportos, o governo busca derrotar a greve das refinarias, que se mantém desde 7 de março. Nesse sentido, esta quarta-feira o prefeito de Seine-Maritime anunciou a reintegração da refinaria Total Normandy. Os grevistas petroleiros apelaram diretamente à solidariedade para enfrentar esta ofensiva anti-sindical.

Para continuar a se opor às reintegrações, uma manifestação de apoio foi convocada pela CGT Total Normandie e pela Rede pela Greve Geral nesta sexta-feira, 24. No local, a partir das 11h00, começaram a reunir-se apoiadores locais: trabalhadores do terminal de petroleiros CIM e da Chevron, lixeiros de Le Havre, estivadores, trabalhadores da indústria aeronáutica Safran, da central nuclear de Paluel, ou mesmo activistas da UL CGT du Havre e Harfleur. O batalhão de choque e o efetivo policial desalojaram o piquete durante a noite, no dia seguinte as forças de repressão estavam presentes em força, bloqueando o acesso dos apoiantes ao estacionamento da refinaria, e confinando-os a um bolsão localizado do outro lado da estrada.

Depois de uma hora e meia, o ambiente foi alvoroçado com a chegada do comboio organizado de Paris pela Rede pela greve geral, reunindo trabalhadores da RATP, SNCF, La Poste, educação, além de muitos estudantes. Acolhida com entusiasmo, a comitiva de imediato cantou palavras de ordem viradas para a estrada que separa os simpatizantes da refinaria: “greve geral”, “Macron delarou guerra”, “solidariedade, com os trabalhadores reintegrados”.

Um entusiasmo que dá lugar à determinação, quando as mais de 500 pessoas presentes no apoio ao lado das refinarias ocuparam na rodovia, bloqueando o trânsito e enfrentando o batalhão de choque. Um corpo-a-corpo que no final reestabeleceu o piquete em frente à entrada da refinaria, obrigando a polícia a ceder perante o número de grevistas e seus apoiadores.

Uma ação que Alexis Antonioli, secretário da CGT Total Normandie, comentou: “O que eles querem com as reintegrações é um símbolo. O que fizemos hoje é outro símbolo, o da resistência contra esse governo disposto a tudo para acabar com a greve”. Agradecendo aos apoiadores, ele destaca: “Estamos para além da luta contra a reforma da Previdência, o que queremos é o fim do sistema deles”.

A partir dessa ação de solidariedade, muitos trabalhadores de Le Havre seguem sua determinação e conscientes do ambiente que se abriu após o 49-3 [1]. É o caso de Fabian Bourdoulous, da CGT da CIM, de Christophe Aubert, da CGT ExxonMobil, de Johann Fortier da CGT-Docas de Le Havre, ou de Sylvain Chevalier, especialista em energia da central nuclear de Paluel. Reynald Kubecki, CGT Sidel e membro da Rede pela Greve Geral, insiste: “A repressão está na ordem do dia, teremos que estar vigilantes. Já não bastam as palavras de ordem das centrais sindicais. Hoje é a rua que conta! ". Jenny Grandet, da CGT Safran, explica: “Todos precisam entender o que está em jogo agora, temos que derrubar todo esse sistema, não é possível, tem que parar. Nós temos os meios para mudar as coisas, nós somos as massas!”

Por sua vez, Adrien Cornet, representante sindical da CGT Total Grandpuits e membro da Rede pela Greve Geral, entende a repressão como sintoma da debilidade do governo: "Os patrões têm o Estado, a polícia a seu serviço, já nós temos ela, a greve! Temos todos que nos unir e fazê-los ceder porque nunca fomos tão fortes! ".

Vários membros da Região Metropolitana de Paris da Rede tomaram a palavra. Como Clément, ferroviário do Pátio de Châtillon: “Estamos ligados pelos laços da greve. Vocês operam o querosene dos aeroportos e nós operamos os TGVs da estação de Montparnasse!” Léo, estudante e militante do Le Poing Lévé (Punho Levantado), relata suas mais de 50 horas sob custódia policial: “Se viemos tomar bomba da polícia aqui na refinaria, não é só por aposentadoria, mas porque entendemos que ao seu lado podemos ir muito mais longe.”

Para os integrantes da Rede, essa questão envolve a organização pela base. Laura Varlet, uma ferroviária de Le Bourget, destacou isso com intensidade: "As centrais sindicais nos deram uma nova data para a greve, no dia 28. Ou continuamos na linha do que estamos fazendo desde a promulgação da Reforma pelo 49-3, organizando a luta pelas nossas próprias mãos, em que nós somos os mestres do nosso próprio movimento, ou daremos de cara contra a parede. A Rede pela Greve Geral é para isso. Chamamos a construir comitês de ação em todos os lugares para nos organizar na base, para organizar nossas ações, para nos defender da repressão, é assim que venceremos!”

Na delegação parisiense da Rede, várias personalidades juntaram suas vozes às dos trabalhadores e estudantes em greve. É o caso do filósofo Frédéric Lordon, que apela a "parar tudo para que recomecemos", ou da actriz Adèle Haenel, que insistiu na importância de apoiar este piquete: "Como feminista, o nosso lugar é aqui nos piquetes de apoio aos trabalhadores. O que importa é a relação de forças, e isso está em jogo aqui com as refinarias”.

Outras personalidades como o deputado do Seine-Maritime Alma Dufour ou o deputado do Partido Comunista Sébastien Jumel também apoiaram a manifestação. O rapper Médine também respondeu ao apelo dos estudantes da Rede divulgado a ação e indo lá prestar apoio.

Uma grande assembleia se estabeleceu no lugar, na qual a votação da greve foi massivamente estendida até segunda-feira. Melhor, o índice de grevistas aumentou na refinaria da Normandia nesta sexta-feira, consequência dessa mobilização dos sindicatos. Na saída dos apoiadores do piquete, um grevista agradeceu aos parisienses: “Aquece meu coração e vai me marcar para sempre”.

Uma grande demonstração de solidariedade, que vai de catadores de lixo a refinarias passando por terminais de petróleo, que mostra o caminho para enfrentar o enorme aparato de repressão do governo, que vem multiplicando as reintegrações. Uma política que as centrais sindicais, no entanto, se recusam a conduzir, que mantém um silêncio colossal sobre as reintegrações e se recusam a organizar a resistência. Nesse contexto, é urgente se organizar pela base.

Traduzido do original: Raffinerie de Normandie : énorme démonstration de solidarité face aux réquisitions


[1Aprovação da Reforma da Previdência sem votação no Legislativo





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