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DELAÇÕES PREMIADAS | Quem é Marcelo Miller e como os capitalistas se beneficiaram dos acordos com a Lava-Jato

Na noite dessa segunda feira (04/09), Rodrigo Janot – procurador-geral da Republica - levantou novamente o nome do ex-procurador, Marcelo Miller, em coletiva de imprensa sobre novos dados na delação da JBS. Mas afinal de contas, quem é Marcelo Miller?

terça-feira 5 de setembro de 2017 | Edição do dia

Marcelo Miller foi um dos principais auxiliares da procuradoria geral da Republica (PGR) nos desdobramentos das investigações da Lava Jato para autoridades com foro privilegiado desde 2014. Participou de diversos acordos de delação premiada de réus e investigados, como a do ex-senador Delcídio do Amaral, do ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado e dos executivos da construtora Odebrecht. Em 2011, atuou como delegado do Brasil no grupo de trabalho da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para avaliar o sistema anticorrupção da Espanha e da Suécia em relação ao suborno de funcionários públicos.

O acordo fechado por Miller permitiu Delcídio seguir exercendo mandato, parcelando a multa em 10 vezes e ainda que a pena, estipulada para ser no máximo de 15 anos, fosse cumprida domiciliarmente em sua mansão. Já Paulo Roberto Costa, que também fechou acordo com Miller, garantiu que a multa fosse a mínima estipulada legalmente e também não tivesse que sair de sua mansão, cumprindo a pena em regime domiciliar. Nestor Cerveró, outro com quem Miller fechou acordo, teve as mesmas regalias.

Três dias antes da gravação da conversa entre Joesley Batista e o presidente ilegítimo Temer, que escancarou para todo o Brasil a crise do governo ,Marcelo Miller pediu exoneração de seu cargo na PGR para ingressar no escritório Trench, Rossi & Watanabe Advogados, empresa que tomou o caso de defesa das JBS.

O afastamento de Miller as vésperas da delação de Joesley Batista, causou mal estar no MP que na época questionou a PRG, que informou que Miller não participou da negociação com a JBS e que havia uma clausula que o impediria de fazer isso. Seu envolvimento porém, sendo acusação e defesa, atesta para demonstrar como os acordos de leniência e delações premiadas de grandes capitalistas garantiram grandes privilégios para estes, muitos dos quais puderam voltar para suas mansões ou adquiriram imunidade graças à atuação do MPF.

Um áudio investigado recentemente nos desdobramentos do acordo de delação da JBS com a lava jato, coloca novos dados na participação de Miller nesses “acordos”. Nesse áudio Joesley Batista e Ricardo Saud mencionam supostas atividades ilícitas envolvendo a participação de um procurador geral da Republica (Miller) em futura negociação da JBS com a PGR. Em alguns trechos do áudio Saud afirma que já estaria “ajeitando” a situação do grupo empresarial J&F (controlador da JBS) com o então procurador Miller e que este já estaria “afinado” com a PGR.

Segundo a Procuradoria esses novos elementos precisam ser esclarecidos, segundo Janot o conteúdo desses áudios é gravíssimo e precisam ser investigados, mas que isso não interfere nas futuras denuncias da PGR.

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No fim de junho, para tentar se defender enquanto afundava na lama das denúncias de corrupção, o golpista Temer disse em pronunciamento após ser denunciado por Janot, que Miller intermediou acordo “benevolente” entre a PGR e a JBS: “um assessor muito próximo ao procurador-geral da República [Janot], senhor Marcelo Miller, homem de sua mais estrita confiança” abandonou o MPF para "trabalhar em empresa que faz delação premiada com o procurador-geral". O presidente ilegítimo ainda afirmou que Miller ganhou milhões em poucos meses, garantindo a seu novo patrão (Joesley Batista) um acordo “benevolente” com a PGR.

No meio de toda essa lama de corrupção, o que salta aos olhos é como o judiciário aliado as grandes empresas controlam por cima, através de pactos milionários, nossas vidas. O racha da burguesia faz chegar a nosso conhecimento casos como esse do Marcelo Miller, que ao que tudo indica, estava trabalhando dentro da Procuradoria Geral da Republica a favor dos empresários da JBS, empresa que foi totalmente isenta, para alem de multa, de arcar com o ônus de suas ações criminosas, que pra alem dos acordos com políticos e juízes, tem aproximadamente 34 mil processos trabalhistas, que mostram como enriqueceram matando de trabalhar milhares de pessoas.

A cada dia fica mais claro como o judiciário e a casta de politicos que controlam nosso pais, governam única e exclusivamente para manter seus cargos milionários e o lucros de empresários com quem mantem pactos sinistros. A cada dia fica mais claro que precisamos questionar não apenas os jogadores mas sim as regras do jogo, somente um governo de trabalhadores em ruptura com o capitalismo é capaz de mudar essas regras e colocar na ordem do dia a revogação dessas reformas (trabalhista, da previdência dentre outras), que visam nos matar de trabalhar em condicoes casa vez mais precárias, apenas um governo de trabalhadores é capaz de questionar os privilégios destes que a cada dia mostram a face de que estão articulados para garantir seus lucros e não nossas vidas.

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