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Educação | Provão Paulista de Tarcício: mais um filtro do vestibular que exclui a maioria dos estudantes trabalhadores

Tarcísio e Feder excluirão parte da juventude trabalhadora da possibilidade de ingresso no ensino superior por meio do provão paulista. Não bastasse o caráter excludente do ingresso a falácia do discurso de ambos ficou escancarada com o anúncio da distribuição das vagas. Apenas 18% do total de vagas oferecidas serão para ingresso nas universidades estaduais paulista (USP, Unesp, Unicamp).

quinta-feira 2 de novembro de 2023 | Edição do dia

Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão “Conteúdo”

Após o primeiro ano de aplicação das provas bimestrais “Prova Paulista”, novo instrumento de avaliação externa de desempenho dos estudantes do Ensino Médio estadual imposto por Tarcísio e Feder, foi anunciada as regras para o “Provão Paulista” que, segundo Tarcísio e a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEDUC), seria a “porta de entrada para estudantes da rede pública ao ensino superior”.

O provão excluirá parte da juventude trabalhadora, uma vez que a prova será realizada durante a semana e no período de contraturno para os estudantes do noturno. Ou seja, jovens que trabalham e/ou possuem outras responsabilidades que a ausência coloca em risco o próprio emprego ou de terceiros, muitos estudantes assumem responsabilidade de cuidado de familiares - etc, estarão excluídos da prova. Um ataque enorme aos estudantes mais precarizados que são os estudantes do período noturno e EJA (Educação de Jovens e Adultos) e que já estão sob ameaça dos fechamentos de salas no único período que podem dedicar ao estudo. Além disso, aos alunos dos IFs nas cidades do interior paulista, os alunos terão que se locomover até a capital do estado para poderem fazer a prova.

O provão será realizado nos dias 28 e 29 de novembro (terça e quarta-feira) desde ano. Das 15.369 vagas oferecidas apenas 18% será para o ingresso na USP (1.500), Unesp (934) e Unicamp (325). O restante (12.620) será para o ingresso na Universidade Virtual do Estado de São Paulo (2.620) e Fatec (10.000). Ou seja, 82% das vagas serão para a modalidade de ensino a distância (EAD) e tecnólogo. Números que expressam a demagogia de Tarcísio e Feder.

Aos estudantes das escolas públicas, filhos da classe trabalhadora, é destinado a mais precária formação possível. Isso porque além da precarização que se aprofundou muito depois da implementação do Novo Ensino Médio, todo o Ensino Superior também vem sendo atacado e precarizado, incluindo as Fatecs que possuem o maior número de vagas para um ensino com cursos rápidos, ligados estritamente ao mercado de trabalho por fora de um sentido mais universalizante da formação. É isso Tarcísio, representante orgulhoso do bolsonarismo que anunciou nesse mês corte de 9,8 bilhões da pasta da educação do orçamento estadual, deseja aos estudantes: formação precária para um mercado de trabalho precário!

Veja também: A "reforma da reforma" proposta por Lula-Alckmin não muda o DNA neoliberal do Novo Ensino Médio

Vale destacar também que a Prova Paulista é mais um mecanismo de controle do trabalho docente e instrumento de assédio aos professores. O conteúdo abordado nessas avaliações externas de desempenho desconsideram por completo a realidade e dinâmica dos estudantes e das escolas públicas. Segue-se à risca o Currículo Paulista quando o tempo de aprendizagem dos estudantes e, principalmente, a própria precariedade das escolas onde falta tudo é outro. É importante destacar também que no governo de Tarcísio e Feder houve alteração dos conteúdos do Currículo Paulista, retirada de materiais impressos e imposição de materiais digitais com erros de conteúdos gravíssimos. Uma série de medidas impostas que cerceia a liberdade de cátedra dos professores, para além de aprofundar a precarização da formação dos estudantes e das condições de trabalho dos trabalhadores da educação. A prova paulista é parte dessa engrenagem.

O Nossa Classe Educação, agrupação de professores militantes do Movimento Revolucionário de Trabalhadores e independentes, tem se posicionado nos locais de trabalho e instâncias/organismos dos sindicatos dos trabalhadores da educação contrários ao projeto privatista e ultraneoliberal do reacionário Tarcísio e sua sanha incansável junto a Renato Feder de ataque à educação. Abaixo, vídeo de Maíra Machado, professora e coordenadora da subsede da Apeoesp Santo André na paralisação dos professores da rede estadual paulista que ocorreu no dia 20 de outubro.

Tarcísio, Feder e toda sua corja bolsonarista e da direita liberal não poupam esforços para descarregar a crise capitalista nas costas da juventude e da classe trabalhadora enquanto enchem o bolso dos grandes empresários. A conciliação de classes, dirigida por Lula-Alckimin, por meio da frente ampla que entregou ministério para o Partido Republicano de Tarcísio e já realizou inúmeras outras concessões, tais como, o novo teto de gastos - o Arcabouço Fiscal - só serve para fortalecer esses setores reacionários. É urgente que às centrais sindicais, que os sindicatos da educação, tais como, a Apeoesp, maior sindicato da América Latina, coloque de pé um verdadeiro plano de luta para barrar os ataques à educação e aos trabalhadores de conjunto.

É por meio da mobilização independente dos governos, e não por acordos e pressão meramente parlamentar, que será derrotado o projeto privatista de Tarcísio e Feder. E também é nesse sentido que nós defendemos o fim do vestibular, imposto pela luta, para que a grande maioria dos estudantes, pobres e negros, tenham acesso às universidades. Somente uma forte luta por cotas proporcionais ao número de negros de cada estado, rumo ao fim do vestibular, é o que pode abrir caminho para o real acesso a um ensino superior público e de qualidade.




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