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29 DE MAIO | Por que os sindicatos não estão organizando o 29M por Fora Bolsonaro, Mourão e militares?

Enquanto seguem a política por saídas institucionais, como o impeachment e as eleições de 2022, as centrais sindicais, que dirigem a grande maioria dos sindicatos no país, seguem não só com a tática de dividir as nossas lutas, colocando de um lado estudantes e de outro os trabalhadores, mas também não constroem para que o dia 29M seja um primeiro passo contra o governo e os ataques. Mas por que fazem isso?

quarta-feira 26 de maio de 2021 | Edição do dia

Foto: Sintratel

O dia 29 de maio - um dia nacional de luta nas ruas contra o governo de Bolsonaro e os cortes nas universidade e institutos federais - se aproxima e o que não vemos é a construção real das grandes centrais sindicais e sindicatos por uma forte unidade entre juventude e trabalhadores, mostrando nas ruas a força que pode ser não só contra Bolsonaro, mas também contra todo o regime do golpe institucional que descarrega hoje em nós ataques e reformas que precarizam nossas vidas, deixando-nos a mercê da Covid-19, o desemprego e a fome.

O crescimento de apoio para o 29M que vem surgindo tanto na juventude como em alguns setores de trabalhadores, demonstra que a política do “fique em casa” - levantada por parte dos golpistas de forma demagoga, mas também pelas grandes centrais sindicais para segurar qualquer ação mais organizada de trabalhadores - vem enfrentando seus limites, isso frente ao fato de que a maior parte da classe trabalhadora nunca sequer teve o direito do isolamento social com todo auxílio necessário para o sustento de suas famílias; como também a juventude trabalhadora que aumentou seu peso nos postos de trabalho mais precarizados, para levar o pão para a mesa das suas casa, enquanto assistimos o enorme aumento da evasão escolar nas escolas públicas.

Sermos apenas telespectadores da CPI Covid não está resultando em vacinas para todos, plano emergencial efetivo contra a pandemia, resoluções para a crise econômica, etc.; as saídas institucionais mostram cada vez mais que não irão transformar em nada a agenda econômica do golpe e não estão freando o aumento do número de mortes por Covid e o retorno da fome no país. Ou seja, não existe nenhum interesse em derrubar o governo, mas sim, de desgastar Bolsonaro para que o mesmo garanta que todos ataques passem e, ainda, salvaguardar a imagem do resto do regime, como se o mesmo também não fosse responsável por toda essa catástrofe. Assim, depois de 2022, o caminho seguirá livre para esse regime golpista, garantindo riquezas para os ricos e miséria para a nossa classe trabalhadora - tendo um partido como o PT, com Lula, feito um grande esforço para que seja ele a tomar a liderança desse regime que descarrega essa crise em nossas costas.

Nisso, fica a pergunta: onde estão os sindicatos? Não vemos chamados amplos de convocação de assembleias com direito de voz e voto, nem reuniões em cada local de estudo ou trabalho, nem construção desde a base para de fato mobilizar os trabalhadores contra o governo no 29M. Mas por que isso acontece? Porque a saída das grandes centrais sindicais seguem não sendo apoiadas nos trabalhadores ou na juventude; a política das centrais é apoiada nas saídas por dentro desse regime pobre do golpe. O que querem e atuam para é capitalizar a precariedade da vida das massas para uma esperança nas eleições de 2022. Querem alavancar Lula para presidência, não para derrubar ou barrar golpes contra nossa classe, mas sim para este passar a gerir o país com sua política de conciliação que, enquanto dialoga com seus discurso para as massas, servindo como uma contenção de levantes nas ruas, alimenta os bolsos dos ricos (lembrando quando Lula mesmo disse que os banqueiros deste país nunca lucraram tanto como em seu governo).

A CUT, dirigida pelo PT e que está a frente de muitos sindicatos pelo país , aplicou sua política divisionista na classe, quando ao invés de unificar todas as forças que temos no dia 29M, preferiu isolar a juventude, chamando um outro ato no DF para dia 26 de maio para os trabalhadores (dia do qual a própria CUT não construiu também, fazendo apenas um ato simbólico). É uma verdadeira piada essa política, tanto da CUT como também da CTB (dirigida pelo PCdoB), Força Sindical, UGT e CSB; que usam da pandemia e dos ataques do governo contra nós para capitalizar a força da nossa classe para a saída eleitoral de esperar até 2022. Até lá, a saída que usam é fazer política com os “mil” pedidos de impeachment contra Bolsonaro para as outras alas do regime golpista, que colocaria o General Mourão na presidência, como se os militares não fossem nossos inimigos e não fizessem parte de toda a política negacionista de Bolsonaro. A UNE por sua vez, também dirigida majoritariamente pela CUT, CTB e Levante Popular, segue a mesma política dividindo estudantes de um lado e trabalhadores do outro.

Veja aqui: CUT quer dividir trabalhadores e estudantes: é preciso unificar forças nas ruas dia 29.

Desta maneira, é fundamental que toda a esquerda levante uma política com independência de classe em todo país, não se apoiando em alas golpistas, como o STF, mas sim na força em potencial da classe trabalhadora, sem nenhum ceticismo, atuando para elevar e empurrar a nossa classe para ela mesma tire com suas mãos os seus direitos. Nós do Esquerda Diário, fazemos um chamado pela construção de um polo antiburocrático, onde tanto a esquerda, como os movimentos sociais e as centrais - como CSP-Conlutas e Intersindical - exijam das grandes centrais sindicais a organização de assembleias e reuniões em cada local de trabalho e estudos pela construção do ato do 29M, podendo este se transformar num primeiro passo para barrar os ataques do negacionista Bolsonaro e seus militares, mas também para um dia colocar abaixo esse regime de ataques do golpe institucional, através de impulsionar a auto-organização dos trabalhadores e da juventude trabalhadora para abrirmos o caminho por um governo em ruptura com o capitalismo.

Leia também: Novos ares de mobilização e a adaptação à agenda da CPI: confiar nas forças da nossa classe e da juventude.




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