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Policia boliviana reprime protestos pela falta de respostas sobre a pandemia em Cochabamba

Na madrugada deste sábado, aviões militares realizaram voos rasantes sobre a população de K’ara K’ara em Cochabamba, enquanto por terra, um operativo policial e militar reprimiu a vizinhança desta área que veem sustentando um bloqueio há 6 dias. Exigem a liberação de 8 detidos e exigem também seu direito a água, pão, comida e trabalho. Isso se da em meio do colapso sanitário onde pessoas morrem na rua e em suas casas; com cemitérios e crematórios superlotados.

segunda-feira 6 de julho de 2020 | Edição do dia

Os vizinhos de K’araK’ara denunciam que suas casas foram gaseificadas por um operativo policial e militar que chegou a área para desbloquear a entrada ao aterro municipal da cidade. Policiais e militares tiveram que retirar-se depois de várias horas tentando quebrar a resistência. Segundo fontes da imprensa, ao menos 2 policiais saíram feridos e mais de uma dezena de veículos tiveram danos.

Uma mulher com seu bebe nos braços denunciou os fatos para a Radio TV Soberania:

“Esta manhã desde as 5 ou 6 da manhã vieram direto gaseificar nossas casas, eu com meu bebe estávamos dormindo, vieram nos gaseificar. Nos não somos animais nem cachorros... todos os gases que vieram nos despejar.”

Também denunciam que por semanas vem aguentando odores horríveis com os dejetos do hospital, que chegam a este aterro e que já não podem aguentar mais a quarentena porque tem fome e necessitam trabalhar. E exigem a liberação de seus companheiros detidos.

Vídeo: Rádio TV Soberanía.

O protesto se originou logo depois que a presidenta, Janine Añez, e o governo golpista não cumpriu os acordos firmados há umas semanas atrás para levantar o bloqueio destes vizinhos que exigiam água, comida, trabalho e condições de biossegurança. O governo rompeu o acordo quanto deteve a 5 moradores, 3 dos quais foram transportados irregularmente para a cidade de La Paz, provocando com isso a reinstalação do bloqueio e o massivo protesto da zona sul de Cochabamba.

Diversos vídeos nas redes sociais denunciavam enfrentamentos verbais entre policiais e militares onde estes últimos supostamente reclamavam pela brutalidade da repressão, ouvindo nos áudios que reconheciam que as demandas dos vizinhos são justas. Se confirmada a veracidade destes vídeos, se coloca em evidencia a grave fratura existente nas instituições armadas no país, as quais são as únicas que sustentam o governo golpista.

Por outro lado, o grupo semi-facista RJK (resistência juvenil Kochala) fecharam a entrada da prefeitura de Cochabamba afirmando que o prefeito, José María Leyes e os vereadores, não estariam fazendo nada para enfrentar a pandemia do Covid-19. Nessa linha, membros desta agrupação paramilitar anunciaram que irão levar o lixo até a casa do prefeito e da governadora, mas também ameaçaram que impediriam o ingresso de cisternas de água a milhares de famílias humildes e trabalhadoras da localidade de K’ara K’ara agravando a polarização politica e social.

Todos estes quadros adquirem maior dramatismo em momentos em que as pessoas começam a falecer nas ruas e em suas casas, chegando ao extremo de que os vizinhos velaram no meio da rua uma pessoa falecida há 7 dias e que não foi recolhida pelos serviços funerários já que este, assim como os serviços crematórios, estão totalmente sobrecarregados.

Vídeo: Opinión Bolívia.

Javo Ferreira, membro da LOR-CI, através de sua conta no twitter repudiou a repressão estatal e se solidarizou com as e os trabalhadores e o povo oprimido.

Da mesma forma, as e os trabalhadores e profissionais membros do organismo pelos Direitos Humanos e contra a Repressão Estatal “ProDHCre” repudiaram a violência policial e militar e somam a exigência de liberdade para as e os detidos.




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