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REFORMA DA PREVIDÊNCIA | Omitindo a fragilidade econômica, Meirelles diz que Brasil venceu crise e defende reforma

sábado 28 de outubro de 2017 | Edição do dia

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, participou nessa sexta (27) do 12º Encontro de Lideranças Empresariais, promovido pela Rede Gazeta, no município de Domingos Martins, interior do Espírito Santo, onde reafirmou o seu compromisso com o governo golpista em defender a aprovação imediata do parecer da comissão especial para a reforma da previdência.

Segundo ele, as exigências por uma versão mais “enxuta” do texto é legítima, no entanto, a votação da proposta deveria ser de interesse não só dos atuais governantes, mas também de quem pretende estar no governo no futuro.

"Existe um debate amplo, que é legítimo, e existem as previsões de deputados, senadores, analistas, jornalistas, todos dão sua opinião. Agora, o importante é que nós vamos defender a aprovação do projeto atual, que foi aprovado na comissão especial, que me parece projeto equilibrado. Vamos discutir e ver o que Congresso Nacional vai decidir", disse.

A participação de Meirelles no encontro também tinha o objetivo de conversar com os empresários no intuito de tentar convence-los de que o país "já saiu da recessão e tem espaço para crescer", e que a crise econômica no Brasil já havia sido superada. "É mais que justificado o momento para investir e contratar. Já se criou este ano mais de 1 milhão de vagas de emprego, é importante que continue criando cada vez mais", disse o ministro a jornalistas. "É importante assegurar a manutenção do crescimento, e para isso os empresários têm que investir e acreditar", acrescentou. No entanto, não comentou que as bases dos números positivos de crescimento que o país teve são bastante frágeis e em certo sentido "momentâneos", pois o aumento do consumo pelo saque do FGTS e a safra agrícola recorde são elementos que não se sustentam no longo prazo, como afirmamos neste artigo.

Para o ministro, no marco da aprovação de uma série de reformas que atacam os direitos da classe trabalhadora, como a "PEC do fim do mundo" (teto de gastos), a trabalhista, a lei de governança das estatais e a nova taxa de juros do BNDES, a aprovação da reforma da previdência é possível ainda este ano. "Agora estamos discutindo Previdência e em seguida a (reforma) tributária", disse.

Após almoçar com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, na residência oficial em Vila Velha, na Grande Vitória, Meirelles já havia repetido seu mais recente mote: "reforma da Previdência em primeiro lugar". Segundo o ministro, a reforma é essencial para evitar que o Brasil precise tomar medidas mais drásticas no futuro, como cortar benefícios de aposentados e pensionistas. "Estamos longe disso, mas é importante tomar providências para não chegar lá."

Sobre a reforma tributária, Meirelles disse acreditar que há espaço para retomar essa discussão, mas ele explicou que o projeto ainda não está pronto. "A proposta ainda está em andamento, temos um grupo de trabalho muito amplo. Tudo isso é fundamental para que reforma seja sólida e tenha condições de funcionar melhor. Portanto, isso é projeto que está em andamento em paralelo", explicou.

Durante o evento, o ministro disse que vai trabalhar pela retomada das atividades da mineradora Samarco, que estão paralisadas há quase dois anos, desde o desastre ambiental em Mariana (MG), que ficou conhecido como o maior crime socio-ambiental do país, ocorrido após o rompimento da barragem de sedimentos contaminados por metais pesados, destruiu o povoado de Bento Rodigues, atingiu a baía do Rio Doce e matou 19 pessoas. Além disso, os rejeitos atingiram mais de 40 cidades do leste de Minas Gerais e do Espírito Santo, e a mineradora Samarco segue impune e também sem operar, pois a depende de licença ambiental. Hartung tem pedido o apoio de autoridades no governo federal para conseguir recuperar os trabalhos da companhia, que responde sozinha por 5% do PIB capixaba. O ministro disse também que o governo federal está empenhado em ajudar na recuperação do Espírito Santo. Ao lado de Hartung, Meirelles informou ter conversado sobre a situação da mineradora Samarco, paralisada desde o desastre ocorrido em Mariana (MG).

"Vamos trabalhar junto com órgãos técnicos visando a (dar) melhores subsídios, dados e embasamento para que órgãos de proteção ambiental tenham segurança de que resíduos serão depositados de forma segura", disse Meirelles. "Tudo isso é importante não só para o Espírito Santo, para Minas Gerais, mas também para a economia brasileira, desde que seja assegurado o funcionamento seguro", acrescentou.

"Vamos procurar ajudar o Espírito Santo na questão da retomada da Samarco", disse Meirelles. "Agora é ajudar a trabalhar com os órgãos de licenciamento ambiental, dando auxilio técnico para que licença possa sair o quanto antes possível. É importante que se retome a atividade justamente por conta da importância da empresa na economia do Estado", explicou.

"Faço uma convocação à classe empresarial brasileira para investir no País", disse, buscando assegurar que há já um ambiente de tranquilidade para aplicar recursos. "A taxa de juros vai atingir o nível mais baixo em 60 anos", acrescentou. A Selic, hoje em 7,5% ao ano, deve ser reduzida a 7% ao ano, segundo projeção de analistas.

Segundo o ministro, o País está superando a maior recessão de sua história, mas não se pode subestimar os efeitos da crise que ainda permanecem, principalmente no mercado de trabalho. Ele ressaltou, no entanto, que o governo tem envidado esforços para deixar a recessão para trás.

Meirelles tentou destacar ainda que as vendas do varejo já estão crescendo e possivelmente o Natal de 2017 será "o melhor em muitos anos". "É o momento simbólico de percepção da população, todos vão para rua, ou para passear, comprar, rezar, ir na igreja, onde for. É um momento simbólico em que todos param para sentir um pouco para sentir o que está acontecendo com sua família, seus amigos e com o país, e nesse momento acho que vai ficar claro isso (recuperação)", disse.

O que Meirelles não conta aos "investidores" é que o crescimento positivo nos setores da economia embora seja puxado pelo consumo e diminuição do desemprego é bastante contraditório: crescem alguns setores, mas o investimento permanece em queda; cresce o emprego, mas a grande maioria está no emprego informal. Ou seja, a realidade é que de conjunto vemos uma economia rumando em direção ao padrão "anos 90": aumento do trabalho informal, diminuição do peso da indústria, aumento do peso do setor agroexportador, privatizações e aumento da inserção no capital estrangeiro no país.

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