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ANÁLISE | O teatro de palhaços entre Kajuru e Bolsonaro

Com o subterfúgio da ligação "vazada" entre o senador Kajuru e ele próprio, Bolsonaro busca dobrar as apostas em torno da CPI da Covid, pressionando para que também estejam sob mira governadores e prefeitos. Conseguirá Bolsonaro com essa artimanha dobrar os demais atores do regime político?

segunda-feira 12 de abril de 2021 | Edição do dia

Hoje, segunda-feira 12/04, ganhou repercussão a divulgação feita pelo próprio senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) do áudio de uma ligação entre ele e o presidente Jair Bolsonaro. No conteúdo a ligação se mostra bastante funcional a Bolsonaro, que diz repetidas vezes que podem investigar que "não temos nada a esconder", enquanto atiça para que sejam incluídos prefeitos e governadores no escopo das investigações, no que o senador se mostra plenamente alinhado.

Por esse conteúdo a ligação se mostra um teatro armado por Bolsonaro e Kajuru para intimidarem prefeitos e governadores, colocando em questão o que eles tem feito com o dinheiro repassado pelo governo. Um contra-ataque que Bolsonaro já insinuou outras vezes, e que ao mesmo tempo seu filho Carlos Bolsonaro reproduzia nas redes sociais contra a governadora petista Fatima Bezerra (PT-RN).

Nesse discurso Bolsonaro dá os argumentos para sua base elevar a pressão contra os governadores e prefeitos, para que também sejam incluídos nas investigações. Sendo que nesse final de semana seus seguidores já estavam na rua cobrando a reabertura dos templos religiosos, numa atuação articulada "por cima" e "por baixo". Além de tentar mostrar aparente independência do Centrão - embora o Congresso o controle - restituir a imagem de um presidente autônomo.

Se a iniciativa do STF ao autorizar o início da CPI da Covid tinha como intenção acuar Bolsonaro e condicioná-lo, como são os intuitos de golpe de fumaça desses dispositivos, com esse movimento o presidente dobra as apostas em resposta ao bonapartismo institucional. Com isso será que a CPI, correndo o risco de implicar também prefeitos e governadores, terá prosseguimento ou não? O próprio STF já cogita uma hipótese para baixar a pressão, deixar que o inquérito tenha início apenas mediante a volta das sessões presenciais, ou seja, sem prazo determinado.

Além disso também o Centrão, que segue dando sustentação a Bolsonaro, pode se mover para retirar assinaturas no documento que pedia a abertura da CPI, abortando a tentativa. O próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirma com todas as letras que não moverá esforços para dar prosseguimento ao inquérito, como já vinha fazendo deixando seu pedido engavetado.

Todas essas movimentações de bastidores servem para mostrar a cortina de fumaça que representam essas ferramentas institucionais, como a CPI, para lutar de forma consequente contra Bolsonaro e sua política assassina em torno da pandemia. Não virá das instituições, ou dos atores do regime golpista, uma resposta, pois são cúmplices das mortes da covid pelo descaso, pelos seguidos anos de ataque à saúde pública, pela falta de testes, de leitos, de contratação de profissionais, e agora pela falta de vacinas. Cabe aos trabalhadores por meio de seus instrumentos e da sua mobilização oferecer uma saída independente a essa crise sanitária e econômica, lutando pelo Fora Bolsonaro, Mourão, e todos os golpistas, através da imposição de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que possa passar a limpo esse regime golpista degradado.

É preciso mudar as regras do jogo: por uma nova assembleia constituinte imposta pela luta




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