×

Andrea D’Atri@andreadatri

sexta-feira 24 de abril de 2015 | 00:00

Foto: Operárias da seção das máquinas de carimbo. Fábrica de cigarros, 1933. Coleção Arquivo Geral da Nação Argentina

No dia 1º de Maio é comemorado o Dia Internacional dos Trabalhadores. Mas quase a metade dos trabalhadores, são trabalhadoras! Por isso, também é o dia das que, invisibilizadas por empresários e burocratas sindicais, gritam através da história: Queremos o pão, mas também as rosas!

Há um texto muito bonito do Eduardo Galeano que narra um diálogo entre um menino e seu pai sobre a origem do mundo, que termina assim: “ – Mas pai – disse Josep, chorando – Se Deus não existe, quem fez o mundo? – Tonto – disse o trabalhador, cabisbaixo, quase em segredo – Tonto. Nós fizemos o mundo, os pedreiros. Quantas maquinarias de mentira a classe dominante coloca em funcionamento para invisibilizar algo tão óbvio!

A classe trabalhadora é quem produz tudo o que consumimos, inclusive as máquinas e ferramentas necessárias para a produção; é quem faz andar os trens e as telecomunicações, quem constrói as pontes e as represas, quem educa as futuras gerações, quem cuida e cura os doentes, quem limpa as casas dos que não produzem e de quem não tem tempo para limpar porque tem que produzir... essa classe parece invisível. Mas ainda muito mais invisibilizadas são as mulheres dessa classe.

Invisíveis para os empresários, porque o trabalho doméstico não remunerado que fazem em suas casas é vital para garantir a manutenção diária da classe trabalhadora, sem custar um centavo aos exploradores. Invisíveis para a burocracia sindical porque, como exclui os trabalhadores precarizados dos sindicatos, não representa a grande maioria de mulheres que estão nessa situação. E porque quando as trabalhadoras efetivas são maioria nas categorias – como as professoras, enfermeiras, trabalhadoras têxteis e da indústria alimentícia –, esses mesmos dirigentes não lutam pelos seus direitos e, muito menos, se preocupam com as condições que impedem que essas trabalhadoras se organizem e participem das lutas, ao lado de seus companheiros.

Invisíveis corpos assediados pelos ritmos da produção e a dupla jornada de trabalho, que transformam as trabalhadoras em “material descartável”, exaustas, doentes. Invisíveis para o Estado que nega o direito de decisão sobre o próprio corpo. Invisíveis para os meios de comunicação que sempre mostram outros corpos, impondo modelos de beleza impossíveis de se alcançar, se não é à custa de maior sofrimento. Invisíveis corpos violentados, abusados, assassinados pela violência machista.

Cuidado com as mulheres!

No entanto, são essas mulheres que quando se cansam da super-exploração, das demissões, da falta de pagamento dos salários, das condições de vida que o capitalismo nos submete, são incontroláveis. Como as trabalhadoras argentinas da Pepsico, que sabem que quando as de baixo se levantam, os de cima tremem; como as professoras que sabem que uma professora lutando também está ensinando; como trabalhadoras da Comissão de Mulheres da ex-Donnelley, que sabem que são imprescindíveis para assegurar a gestão operária da fábrica; como as indomáveis de LEAR, que sabem que a patronal norte-americana e o governo são aliados em seus esforços em reprimir uma luta que é um exemplo; como as que lutam decididamente contra as redes de tráfico que sequestram suas filhas e a polícia do gatilho fácil que assassina seus filhos.

A história tem amostras ainda maiores de abnegação, firmeza, combatividade das mulheres trabalhadoras e do povo pobre, que enfrentam as crises que os capitalistas descarregam sobre suas famílias, desafiam ditaduras e monarquias e inclusive encabeçam revoluções.

Transformar as ideias em força material

Aqueles que possuem interesse real na luta pela derrubada de todas as formas de exploração e opressão, não podem renunciar, esquecer ou minimizar a tarefa de organizar centenas de milhares de mulheres trabalhadoras. Sem contar com essa força material de um movimento de luta das mais exploradas e oprimidas, qualquer interesse em combater o machismo e conquistar os direitos das mulheres, se transforma em uma mera ilusão. A ilusão de que, com um pouco de pressão sobre os meios de comunicação ou visitando escritórios de parlamentares – mas sem contar com essa força social – se pode combater contra uma sociedade e uma cultura patriarcais que está enraizada no domínio de uma minoria parasita que vive às custas da exploração de milhões.

As mulheres do Pan y Rosas e do PTS (Partido de los Trabajadores Socialistas) na Frente de Izquierda (FIT) estamos convencidas de que as ideias da emancipação das mulheres e o socialismo podem encarnar e converterse em força material. Essa é a apaixonante aposta que te convidamos a compartilhar. Por isso, no próximo Dia Internacional dos Trabalhadores, te convidamos a vir com o Pan y Rosas e o PTS ao ato que a Frente de Izquierda realizará na sexta 1º na Plaza de Mayo (Buenos Aires-AR) as 15h30, para marchar junto com as trabalhadoras que gritam “Queremos o pão, mas também as rosas!”.

Tradução: Ana Carolina Fulfaro

Original: LID




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias