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Frente Ampla | Marta Suplicy, vice de Boulos em SP, foi secretária de Nunes, apoiou impeachment e ataques

Veio a público a confirmação da Frente Ampla que disputará as eleições municipais de São Paulo. A conciliação de classes fortalece a extrema direita, que somente a luta de classes pode derrotar

segunda-feira 15 de janeiro | Edição do dia

A aliança surge a partir de movimentações do próprio Lula, que convenceu Marta Suplicy a deixar o primeiro escalão do governo bolsonarista de Ricardo Nunes e se filiar ao PT novamente. Com a busca de uma vice do secretariado de Nunes, apoiadora entusiasta do golpe institucional e diversos ataques como senadora e em sua prefeitura, o PSOL, junto com o PT, deixa claro que quer administrar São Paulo preservando os interesses dos capitalistas. A aliança de Boulos com Marta Suplicy foi selada simbolicamente na suntuosa mansão da elite paulistana, nos mesmos dias em que a cidade de São Paulo estava repleta de alagamentos e falta de energia.

Essa movimentação política significa buscar uma vice que seja marcada por um histórico de ataques, o que comprova ao grande capital que Boulos será um eventual prefeito que vai preservar os capitalistas e seu regime político.

Marta ficou marcada por apoiar ativamente a campanha pelo golpe institucional que derrubou o governo Dilma. Enquanto senadora chegou a presentear com flores Janaína Paschoal pelo seu discurso no senado em defesa do impeachment, junto a ninguém menos do que a Senadora Ana Amélia do PP, a latifundiária apoiadora das manifestações que tiveram tiros e chicotes contra a caravana de Lula nas eleições de 2018 no Rio Grande do Sul. Sua trajetória nos últimos anos foi de sustentação do golpismo e seus ataques. Migrou para o MDB no auge do golpe institucional, apoiou o governo Temer, votou a favor da Reforma Trabalhista e da PEC do Teto de Gastos. Nas eleições de 2020, apoia Bruno Covas (PSDB) para a prefeitura e é nomeada Secretária de Assuntos Internacionais e Federativos da prefeitura, cargo que manteve até agora com Ricardo Nunes.

A gestão Covas-Nunes protagonizou brutais ataques aos trabalhadores e oprimidos, como é a sistemática política de ataques a educação pública do município de São Paulo, como viemos noticiando no último período, mas também com seu apoio a privatização do transporte público levado à frente por Tarcísio no Governo do Estado. Nunes é um privatista e repressor, carrasco dos trabalhadores, carrega a responsabilidade pelas sistemáticas faltas de energia que a cidade vem atravessando, enriquecendo o bolso de um punhado de capitalistas que controlam as grandes empresas privadas.

O PSOL, que surgiu no primeiro governo Lula rompendo pela esquerda frente ao ataque da reforma da previdência, em 2022 se federou com a “REDE”, um partido declaradamente burguês financiado pelo banco Itaú e Cia Natura; Nas eleições de 2022 se adaptaram completamente ao petismo e suas alianças com a direita, durante o primeiro ano do governo cumpriram o papel de cobri-lo pela esquerda enquanto Lula articulava ataques contra os trabalhadores, como foi o novo teto de gastos (Arcabouço fiscal). Nesse período o PSOL não só não mobilizou suas bases contra os ataques do governo, mas se eximiu totalmente disso simplesmente votando contra mas seguindo com sua localização como parte do governo.

Ao olhar para as posições que levam o PSOL a manobrar no parlamento na votação do Arcabouço Fiscal para parecer que estão “apenas votando pontos divergentes” quando, na prática, estão junto com o governo facilitando o trabalho para que o projeto vá para sanção presidencial. Justamente o que estava por trás disso eram as negociatas em torno da candidatura de Guilherme Boulos para a Prefeitura de São Paulo. O fato é que hoje o PSOL cumpre um papel para a frente ampla que busca estabilizar o regime do golpe institucional de 2016, integrando um governo que mantém o legado econômico do Governo Temer, aprofundados por Bolsonaro para serem mantidos por Lula, sem revogar nenhuma das contra-reformas, com cumplicidade do PSOL, que vendeu a luta contra o novo teto de gastos pela eleição municipal de São Paulo.

Mas afinal, o que fará Boulos, governando São Paulo, junto aos capitalistas que logo exigirão uma política fiscal tão severa quanto a de Fernando Haddad? Não precisamos ir muito longe para responder essa pergunta. A administração capitalista na Prefeitura de Belém por Edmilson Rodrigues responde bem essa pergunta. O fato é que o PSOL governou Belém como qualquer governante burguês capitalista com ares “democráticos humanitários” como o PT faz, negociando com patrões e burgueses. Não à toa que diante de leis como a Lei de Responsabilidade Fiscal, que o PSOL não se propõe a enfrentar em seu programa para prefeitura, decidiu cortar da carne dos trabalhadores com a reforma da previdência belenense, enfrentando greves dos servidores públicos, e respondendo com medidas de repressão contra a luta dos trabalhadores e da juventude.

Para que possamos construir uma luta contra a política privatista de Tarcísio e Nunes, e contra as políticas de endurecimento fiscal que o PT organiza, precisamos de uma alternativa independente desses governos e dos patrões, sem nenhuma confiança na conciliação com “setores democráticos” da direita, como aponta o PSOL.

Essa alternativa precisa se apoiar na força da classe trabalhadora e na luta de classes, que em São Paulo teve importantes exemplos no período recente, especialmente na luta contra a privatização de Tarcísio de Freitas, com os metroviários na vanguarda. Aprofundar o caminho da luta de classes e buscar uma representação nas eleições que fortaleça essa perspectiva é a nossa tarefa. Como dissemos em artigo recente: "a decisão de não colocar as figuras da esquerda e seus recursos eleitorais a serviço da luta debilita não só o objetivo imediato da luta, mas com isso também deixa aberto o espaço para o fortalecimento das figuras da direita, com a implementação imediata dos ataques, que depois se expressa também como fortalecimento para seus objetivos eleitorais. É por isso que viemos exigindo que Boulos e outros parlamentares da esquerda coloquem seu alcance a serviço de fortalecer a luta que é o caminho para enfrentar a extrema direita."




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