Mãe do jovem Vitor Marcos, que morreu na porta de um hospital na capital de SP, após 3 horas de espera por uma maca para pessoas obesas, conta que havia lixo dentro do caixão do filho e relata inúmeras situações de gordofobia em relação ao caso.
quinta-feira 12 de janeiro de 2023 | Edição do dia
Lixo encontrado dentro do caixão. Reprodução/Redes Sociais.
Na primeira quinta-feira do ano, dia 05, o jovem de 25 anos Vitor Marcos morreu após ter ficado por 3 horas aguardando uma maca especial para pessoas obesas, na porta do Hospital Geral de Taipas, hospital estadual na Zona Norte da capital paulista. O jovem começou a passar mal de manhã e foi socorrido pelo SAMU, depois de ser recusado em dois hospitais pelo mesmo motivo, até não aguentar mais e vir a óbito sem atendimento.
Desde o ocorrido, a mãe do jovem, Andreia Marcos da Silva, que presenciou toda a saga do seu filho, vem realizando inúmeras denúncias do tratamento que ele recebeu, na ocasião ela expressou num vídeo: “Meu filho foi negligenciado. Meu filho ficou em um assoalho e isso eu nunca vou esquecer, meu filho morreu em cima de um assoalho. Ele não teve direito de morrer em cima de um colchão. A dor do luto é muito difícil, mas o que eu quero deixar bem claro para as redes públicas é que deem suporte aos obesos para que outras mães não venham passar o que eu passei...”. Leia aqui matéria do Esquerda Diário sobre o caso.
Hoje, dia 12 de janeiro, esse caso que já escancarou todo descaso que recebe a população pobre e negra, trouxe mais uma matiz dessa triste e revoltante realidade à tona. Foi divulgado por familiares de Andreia, um vídeo onde ela chora e se revolta com o fato de que o caixão de seu filho estava cheio de entulhos como caixotes e jornais amassados, além de ser de um tamanho exorbitante, maior inclusive do que seria necessário, gerando toda uma humilhação a mãe de Vitor. O custo do caixão, que foi pago com uma arrecadação de pessoas comovidas com o caso, foi mais de R$7000,00 e segundo a funerária o valor foi mais caro que o habitual devido ao peso do falecido, no entanto parte desse peso era lixo. Veja o vídeo:
A pauta sobre gordofobia é urgente, a mãe perde o filho pq dois hospitais negaram atendimento por ele ser gordo, e na hora de enterrar a funerária enche de lixo o caixão?
O q essa mulher preta e gorda tá passando é combo de gordofobia + racismo, e ninguém faz nada ⬇️ pic.twitter.com/DnDplzxIBC— Atleta de peso (@AtletaPeso) January 11, 2023
"Eu não tinha visto essa fraude (...) Brincaram de novo com o peso do meu filho. Mais uma vez, gordofobia (...) Meu filho estava em cima do lixo. Meu filho ia ser enterrado no lixo, usaram do peso do meu filho pra ganhar dinheiro. O povo deu dinheiro pra fazer o velório do meu filho, mas não dessa maneira", lamentou Andreia no vídeo.
Quando procurada, a Funerária Trianon alegou que apenas tinha responsabilidade pelo transporte do corpo e que “o embalsamamento e a ornamentação do corpo do Senhor Vitor é de inteira responsabilidade da Clínica de Tanatopraxia Cooperaf (Cooperativa de Trabalho dos Agentes Funerários de São Paulo). Informamos ainda, que nossa empresa tomou conhecimento dos fatos após o corpo ter sido transferido para um outro caixão, sem a presença de qualquer um dos nossos colaboradores".
Esse retrato do caos da saúde pública no estado de São Paulo se deu na mesma semana em que Tarcísio de Freitas (Republicanos) tomou posse como governador de São Paulo e como primeiro grande ato aprovou um aumento salarial para si mesmo e para seus secretários. Esse profundo contraste entre as precárias condições de vida da população e os privilégios dos políticos precisa ser repudiado por todo o povo trabalhador.
Basta de privilégios dos políticos, parlamentares, juízes e militares que recebem supersalários enquanto a maioria da população sequer possui condições dignas de saúde, fruto das reformas e ataques aprovados nos últimos anos - sendo essa herança do Golpe institucional e do governo Bolsonaro para o povo trabalhador de nosso país, um projeto que em nada o governo de Tarcísio, aliado de Bolsonaro, pretende transformar. Basta de privatizações, afinal elas só favorecem os capitalistas e aprofundam os níveis de exploração e flexibilização laboral, descarregando sobre nossas costas essa crise que vivemos.
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Esse ano, que começou agora já indica grandes lutas e mobilizações a serem travadas em São Paulo contra esse governo reacionário, herdeiro do bolsonarismo, da ideologia conservadora mais asquerosa que ataca as mulheres, os negros, LGBTs e a juventude. Somente através da nossa organização e unidade independente do governo federal recém eleito e empossados é que daremos respostas estaduais e nacionais às mazelas que vivemos e aos projetos que nos atacam.
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