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PANAMÁ PAPERS | Macri é acusado nos “Panamá Papers”

O promotor federal Federico Delgado impulsionou a investigação, que agora deve continuar com o juiz Casanello. O presidente deu “explicações” em uma ato na Casa Rosada.

Florencia Sciutti@FlorSciutti

sábado 9 de abril de 2016 | Edição do dia

Por volta de meio-dia de ontem conhecia-se a acusação que pesa sobre o presidente pelo escândalo conhecido com Panamá Papers. O promotor Federico Delgado considerou que há elementos para abrir um processo judicial que investigue a responsabilidade no escândalo de vazamento de documentos do escritório de advocacia panamenho Mossack Ferreira. A investigação iniciou-se a partir de uma denúncia realizada pelo deputado nacional identificado com o kirchnerismo, Norman Darío Martínez.

O promotor pediu ao juiz Sebastian Casanello que fosse solicitado informação à AFIP (Equivalente à Receita Federal brasileira) e à Oficina Anticorrupción, comandada pela ex-deputada e também acusada nos Panamá Papers Laura Alonso, para determinar se Macri “omitiu maliciosamente sua declaração jurada (de bens)”, requisito obrigatório para funcionários públicos.

Será o juiz Casanello, o mesmo que é responsável pelo julgamento por lavagem de dinheiro contra o empresário ligado ao kirchnerismo Lázaro Báez, quem deverá decidir os próximos passos da investigação.

Casanello tomou as primeiras resoluções de testes. Citou ao deputado Martínez para que ratifique sua denúncia, convocou ao jornalista do diário La Nacion, Hugo Alconada Mon e também Silvia Martínez, assessora de Margarita Stolbizer (candidata a presidência nas últimas eleições pelo partido Progressistas, de centro-direita). Logo em seguida, solicitou informação a secretaria de Luta contra a Corrupção.

Após acusações, Macri fala de “transparência”

Em meio as suspeitas abertas pelos Panamá Papers, o presidente Macri realizou ontem a tarde uma “coletiva de imprensa” que terminou convertido em um ato, uma vez que não foi permitido aos jornalistas presentes fazer perguntas. Uma “generosidade” da qual se orgulhava o governo da coalizão Cambiemos (para contrapor com os pronunciamentos nacionais de Cristina Kirchner) e que esta vez foi suprimida. É um detalhe sintomático do nível de crise política desatado pela investigação jornalística que se conheceu no último domingo. O evento tinha como objetivo anunciar o envio ao congresso de um projeto de Lei de Acesso a Informação Pública.

Foi realizado no Salão Branco da Casa Rosada e participaram o ministro do Interior, Rogelio Frigerio, e o secretário de assuntos políticos, Adrián Pérez. Esse foi o cenário a partir do qual Mauricio Macri deu “explicações” sobre o escândalo do Panamá Papers.

O presidente insistiu que ele “cumpriu a lei” e que não tem “nada a esconder”. Anunciou que apresentará hoje perante a Justiça uma “declaração de certeza” para demonstrar que não incorreu em “uma maliciosa omissão” na sua declaração jurada de 2007. A possível “omissão maliciosa” foi o fundamento que encontrou o promotor para dar continuidade a acusação.

Também mencionou que existe uma “dívida da transparência” e a necessidade de gerar “confiança”. Afirmou também que sabe que “as pessoas” estão preocupadas por causa do escândalo dos Panamá Papers.

Além disso, Macri informou que armou uma “confiança cega” para que pessoas “independentes” disponham de todos os seus bens e o administrem enquanto durar seu mandato. “Faço isso porque não quero que exista dúvida em nossa relação, que vocês não duvidem nem um instante de que estou aqui para ajudar”, assegurou.

Também realizou o anúncio do envio ao congresso de um projeto de Lei de Acesso a Informação Pública, que o presidente vinculou com a vontade de “transparência” que tem o governo. Se aprovada no congresso, a lei implicaria que qualquer cidadão poderá solicitar informação a qualquer poder de Estado e obtê-la em um prazo não superior a 15 dias.

Poucas horas depois do ato na Casa Rosada, houve uma mobilização na Plaza de Mayo onde se escutavam vozes que pediam a renúncia de Macri.

Toda a armação de Macri foi atingida pela dificuldade de achar uma resposta de contra-ataque diante de uma crise política que chegou até os tribunais.

Um dia a agenda esteve marcada pela prisão de Lázaro Báez, no outro pela acusação ao presidente. Como já denunciamos, a “luta política” entre as forças tradicionais segue se desenvolvendo no fundo do pântano.

Tradução: Pedro Rebucci de Melo




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