Na manha desta quarta-feira (23), o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, golpista representante tradicional da burguesia, do capital financeiro e eterno inimigo da classe trabalhadora, se filiou ao PSB, partido golpista e burguês, dando mais um passo em direção à formação de uma chapa com o ex-presidente Lula (PT) para a disputa da Presidência da República. Uma candidatura de conciliação de classes que vai manter todos os brutais ataques do regime do golpe contra a classe trabalhadora
quarta-feira 23 de março de 2022 | Edição do dia
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress
No discurso de filiação, Alckmin defendeu o apoio do partido à candidatura de Lula e disse que o petista é, hoje, "aquele que melhor reflete o sentimento de esperança do povo brasileiro".
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"Temos que ter os olhos abertos para enxergar, a humildade para entender que ele [Lula] é hoje o que melhor interpreta o sentimento de esperança do povo. Ele representa a própria democracia porque ele é fruto da democracia", disse o ex-tucano.
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O ex-governador de SP também disse que o ingresso na sigla representa "mais um passo" na articulação para ser vice de Lula.
Assim, o que vemos é que se avança mais do que nunca o projeto de conciliação de classes de Lula, um projeto em que, com essa aliança com Alckmin, busca acenar para a burguesia, para o capital financeiro e para o imperialismo que vai manter os ataques mais nefastos contra a classe trabalhadora, como a reforma da previdência, a trabalhista, os cortes e as privatizações.
Alckmin também saudou os "companheiros e companheiras" e também fez citação específica a integrantes do PT. "Saúdo a presidente [do PT] deputada Gleisi Hoffmann, abraçando todos os deputados, senadores e lideranças do PT", disse.
O ato aconteceu em Brasília, contou com a presença de políticos e parlamentares do PSB e do PT.
Em entrevista na semana passada, Lula disse que ele e Alckmin estão em "um processo de conversação".
Lula não compareceu ao ato de filiação de Alckmin ao PSB. Entre os petistas, estiveram presentes a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e o líder do PT na câmara, Reginaldo Lopes (MG).
Também estavam no ato o presidente do PSB, Carlos Siqueira; o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande; o governador do Maranhão, Flávio Dino; além de parlamentares. O prefeito de Recife e filho do ex-governador Eduardo Campos, João Campos, também compareceu.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que PT e PSB "têm uma trajetória comum na luta pela democracia" e defendeu a "mobilização de forças" para "encerrar esse tempo de sofrimento por que passa o povo brasileiro, de retrocesso, de ações que tiram a esperança no futuro do país."
"Esse ato de filiação tem um imenso significado para o Brasil. Nunca foi tão necessário mobilizar forças pelo nosso país", disse a presidente do PT.
Ela também disse que o ex-presidente Lula havia mandado um "abraço afetuoso" a todos que estavam presentes.
O PT assim se alia com uma das figuras mais reacionárias e golpistas do Brasil, um político burguês que durante a sua gestão em SP colecionou uma série de absurdos, como o caso do roubo das merendas das escolas públicas e a repressão a ocupação Pinherinho, a repressão ao povo negro nas periferias, a incessante busca pela mercantilização da educação, além de inúmeros ataques aos trabalhadores, mulheres e juventude, elegendo sempre os professores como seu principal inimigo.
Alckmin era nada mais nada menos do que o filho legítimo do golpe institucional, candidato da Rede Globo e da FIESP para liderar o país após Michel Temer. No seu currículo, carrega o histórico de governador mão de ferro, reprimiu brutalmente as greves no Estado de SP – mais do que Dória – e, como dito acima, ficou conhecido como ladrão de merenda pelos estudantes das escolas estaduais, aonde houve milhares de ocupações que também foram reprimidas pelo seu governo em 2015 e 2016.
Essa possível chapa é uma tentativa de Lula de se mostrar um nome viável e confiável para alas da burguesia que ainda não se convenceram de que ele é um ótimo conciliador de classes.
No entanto, a extrema-direita é uma força social no Brasil que não será derrubada pelas eleições e sem luta. Para enfrentar Bolsonaro, o desemprego, a inflação, a miséria e os ataques que ele representa junto às outras instituições do regime, é necessário garantir a independência de classe e unidade com os setores da esquerda, com um programa operário, para que os capitalistas paguem pela crise.
É preciso construir uma alternativa com independência de classe, que parte em primeiro lugar de se apoiar nas lutas em curso, como a forte greve de professores de Minas Gerais. Diante do processo de aceleração da precarização do trabalho, inflação, fome e desemprego, nós do Esquerda Diário e do MRT, que construímos o Polo Socialista e Revolucionário junto com o PSTU e ativistas, colocamos a necessidade do conjunto das organizações de esquerda levantarem uma forte campanha unificada pela revogação integral da reforma trabalhista, articulando com a demanda pela revogação de todas as reformas e privatizações. Esse seria um primeiro passo na batalha por reagrupar os setores críticos à conciliação petista e construir uma alternativa independente, inclusive com expressão eleitoral, com programa de fato socialista, para uma saída revolucionária, a única realista para enfrentar a destruição de direitos desse regime do golpe institucional.