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GREVES ALEMANHA | Greves massivas paralisam a indústria automobilística na Alemanha

A greve de 24h do IGMetall (Sindicato Industrial dos Trabalhadores Metalúrgicos) chegou ao coração da indústria alemã: o setor automobilístico.

segunda-feira 5 de fevereiro de 2018 | Edição do dia

A greve de 24h de IGMetall (central sindical que representa a metalurgia e o setor elétrico na Alemanha, com 3.9 milhões de filiados) voltou à carga. Apenas na sexta-feira passada 300.000 trabalhadores e trabalhadoras fizeram greve, mais que todos os dias anteriores. No total, participaram mais de meio milhão de trabalhadores do setor do metal e eletrônica de até 280 empresas nos últimos três dias de greve.

O setor automobilístico e seus provedores, coração da indústria alemã, foi o que mais sofreu a greve. Na Baviera se paralisaram 5 sedes da BMW em Munique, Dingolfing, Landshut, Ratisbon e Wackersdorf. Somente na grande fábrica da BMW em Dingolfing 20.000 trabalhadores produzem 14.000 carros por dia. Também houve greve na fábrica da Audi em Ingolstadt, onde 31.000 trabalhadores deixaram de produzir. Deste modo, não saiu nem um carro da cadeia de montagem na Baviera, enquanto que normalmente saem 7.000. Na indústria de fornecimentos houve paralisações significativas na Schaeffler e na SFK em Schweinfurt, onde 10.000 trabalhadores fizeram greve. No total, somente na Baviera, 82.000 trabalhadores da indústria automobilística estiveram em greve.

A união das empresas bávaras da indústria elétrica e metalúrgica (VBM) constatou perdas de 46 milhões de euros em apenas três dias, aos quais há que somar os custos de interrupção do serviço.

Também em Baden-Wurtemberg houve greve na indústria do automóvel: paralisaram a produção 36.000 trabalhadores na Daimler e 10.000 na Porsche, ambos em Stuttgart, assim como 16.000 trabalhadores na Audi em Neckarsulm. Segundo os sindicatos tampouco saiu qualquer carro da cadeia de montagem de Baden-Wurtemberg.

Lock-out na Airbus

Também houve participação significativa na indústria aeronáutica da Airbus em Bremen, Hamburgo e Stade, assim como em Premium Aerotec, também situada em Bremen. Na Airbus de Hamburgo e Stade as oficinas e fábricas foram fechadas pelos próprios chefes pelo motivo da greve, deixando fora milhares de trabalhadores. Dos 13.000 assalariados de ambas as sedes 4.500 são membros da central IGMetall.

Em todo o território federal as associações patronais locais reagiram com exigências. Poucos se atrevem a pedir a tramitação de urgência, o que aumentaria a escalada de greves em defesa da redução da jornada de trabalho para 28 horas semanais e aumento salarial, que afeta o coração da indústria alemã.

Veja aqui: Alemanha: o sindicato metalúrgico radicaliza as greves pela redução da jornada de trabalho

Como dissemos, esta greve coloca a possibilidade de abrir uma discussão ainda mais radical: a redução geral da jornada de trabalho sem redução salarial e divisão das horas de trabalho. Em vez da brecha crescente entre os “mini jobs” (que não são suficientes para viver) e trabalhos com uma jornada de trabalho extrema que leva ao estresse, burnout e problemas físicos de todo tipo, seria completamente factível a redução da jornada semanal para 30 horas para todos. A tecnologia para tornar isso possível já existe: em vez de acelerar cada vez mais o ritmo das máquinas e condenar os trabalhadores a serem escravos da automatização e da robotização, os progressos tecnológicos poderiam servir para reduzir a jornada de trabalho para todos. Esta seria uma oportunidade também para acabar com o desemprego de mais de 3 milhões de pessoas, a miséria do Hartz-IV (o seguro-desemprego para os desempregados por longa duração de nacionalidade alemã ou com residência regular na Alemanha), a precariedade dos imigrantes, e integrar essas pessoas ao mercado de trabalho.




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