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Petrobrás | Graças a decisão de Prates e Lula, Petrobrás volta ao posto que tinha sob Bolsonaro: petroleira que mais enriquece os acionistas privados no mundo

Mesmo tendo estancado a sangria das privatizações de refinarias e terminais do odioso Bolsonaro (mas ainda em 2023 aconteceram privatizações em SE, RN, ES) a gestão do senador petista Prates, nomeado pelo governo Lula-Alckmin, segue um caminho diferente, porém compartilha com gestores anteriores uma orientação comum para a maior empresa do país: fazer da Petrobrás uma máquina de dinheiro para os grandes acionistas privados. É preciso criticar esse entreguismo, defendido pela burocracia da FUP que saiu em defesa de Prates, e reafirmar a organização dos petroleiros para lutar pela retomada de todos ativos privatizados.

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

sábado 27 de abril | Edição do dia

Após longo debate sobre os dividendos extraordinários, ou seja, valores para além do que exigem a legislação brasileira ou a americana (onde estão 21% de todos os tipos de ações da empresa), Lula e Prates bateram o martelo: resolveram dar 50% a mais. A Bovespa e Wall Street comemoram. Com isso, a maior empresa brasileira, uma empresa onde o governo detém poder de decisão, voltou ao posto ocupado no governo Bolsonaro: petroleira que mais paga dividendos no mundo e segunda maior empresa que mais paga dividendos em qualquer ramo da economia mundial.

Sob Bolsonaro a Petrobras estava sofrendo violento processo de desmonte e privatização e isso era um dos fatores que aumentava seus lucros, após algumas privatizações no início do governo Lula (ES, RN, SE) esse processo parou de avançar no que toca a unidades em terra, mas plataformas e campos seguem sendo privatizados, como aconteceu na última quinta-feira, quando o histórico campo de Cherne e o campo de Bagre passaram para a francesa Perenco pela ninharia de US$10 milhões ->https://www.poder360.com.br/economia/petrobras-cede-2-campos-de-petroleo-para-empresa-francesa/]. Apesar de mudanças, a Petrobrás segue privatizando e segue gerida para o lucro dos grandes acionistas privados.

Com decisões deste tipo como as tomadas agora pelo governo Lula-Alckmin, e defendidas pela burocracia sindical da FUP/CUT (que compõe a chapa 2 do Sindipetro-RJ) que fez campanha pública em defesa de Prates quando este estava questionado por querer aumentar esses dividendos, e seguramente foi um dos fatores para que este mantivesse seu cargo (e os múltiplos assessores e cargos que a FUP tem na gestão também). O apoio da FUP ao aumento dos dividendos aos acionistas privados, evidencia como seu posicionamento pró-governo e pró-gestão da empresa não obedece nenhum matriz ideológico, defendem e pronto, mesmo quando isso significa enfraquecer a luta pela retomada de todos ativos privatizados.

A privatização dos ativos começou no governo Dilma, deu um salto após o golpe institucional, com os governos Temer e Bolsonaro, mas continuaram inclusive nos primeiros meses do governo Lula-Alckmin, e há subsidiárias que ainda constam na lista de venda: TBG, PBIO. Ano a ano vem caindo a participação da Petrobrás na produção de petróleo e gás no país, só em um ano de governo Lula-Alckmin a queda já foi de quase 5%.

Antes dessa decisão entreguista de Lula e Prates a empresa era a 25ª maior pagadora de dividendos do mundo, entregando US$8,09 bilhões, com a nova decisão o montante alcança R$ 94.354.315.809,82, o que no valor de dólares de hoje (26/04) era equivalente a US$18,428 bilhões. Assim a Petrobrás, mesmo em um governo do PT e com um senador petista a sua frente, continua uma política de selvagem saque dos bens naturais comuns do país em detrimento dos trabalhadores, do meio ambiente, e em óbvio benefício dos grandes acionistas privados.

Antes da decisão o ranking mundial de maiores empresas pagadoras de dividendos era o seguinte:

1. Microsoft: US$ 20,74 bilhões
2. Apple: US$ 14,90 bilhões
3. Exxon: US$ 14,79 bilhões
4. China Construction Bank – US$ 12,99 bilhões
5. Petrochina – US$ 12,75bilhões
6. BHP Group – US$ 12,30 bilhões
7. China Mobile – US$ 12,14 bilhões
8. Johnson & Johnson – US$ 11,99 bilhões
9. JP Morgan Chase – US$ 11,81 bilhões
10. A.P. Moller – Maersk AS – US$ 11,75 bilhões

Agora a Petrobrás fica em segundo lugar, desbanca a petroleira centenária Exxon, a Petrochina, bancos, e até a Apple, só ficando atrás da Microsoft.

Segundo a BBC, ao somar os dividendos de 2022 e 2023 a Petrobrás pagou praticamente o dobro que a segunda petroleira que mais enriqueceu acionistas, a Exxon.

Segundo dados da própria Petrobrás, as ações preferenciais, aquelas para quem são destinados os lucros e dividendos, são detidas em 41,58% por estrangeiros na Bovespa e ainda outros 12,62% em ações na Bolsa de Nova Iorque. Ou seja, só esses grandes investidores, bilionários e estrangeiros, abocanham 54,20% de todo o montante, ou R$ 51,139 bilhões (isso sem contar o que é abocanhado por bancos e empresários brasileiros). Traduzindo essas fortunas entregues aos grandes acionistas estrangeiros em números mais palpáveis: isso é equivalente a mais de 8 vezes o orçamento anual de todas universidades federais no país (R$ 5.957.807.724). A maioria destas universidades está em greve diante da falta de verbas e arrocho salarial devido ao arcabouço fiscal (que é a nova versão do Teto de Gastos de Temer, antes alcunhado PEC da Morte). Só com o que o governo Lula resolveu entregar a mais essa semana paga-se 4 vezes o orçamento destas universidades.

O governo federal como acionista da empresa fica com somente 18,48% deste dividendo, ou seja aproximadamente um terço do que é pago a grandes investidores estrangeiros, fora o que é abocanhado por bancos e outros bilionários brasileiros.

Essa política, mesmo sem privatizar nenhuma refinaria a mais, é entreguista. Os petroleiros e o conjunto dos trabalhadores brasileiros, junto a estudantes, movimentos sociais, ambientalistas, podem construir uma grande luta pela retomada de tudo que foi privatizado, por uma Petrobras 100% estatal administrada democraticamente pelos trabalhadores junto a ambientalistas e outros especialistas eleitos em universidades públicas para dar um basta ao entreguismo, neoliberalismo e a um extrativismo às custas da população brasileira e do meio ambiente. Para se enfrentar com esse entreguismo os petroleiros podem se inspirar na greve dos técnicos administrativos, professores, e estudantes das universidades federais que lutam contra um arrocho salarial e corte de verbas da educação do governo Lula denunciando essas medidas neoliberais que seguem vigentes.

Para se enfrentar com tamanho entreguismo que segue acontecendo, os trabalhadores precisam de sindicatos que sejam o oposto da burocracia sindical da FUP, que sejam sindicatos que promovam a organização democrática dos trabalhadores pela base e que defendam a independência de classe diante da patronal e do governo Lula-Alckmin. Esses são alguns dos motivos porque nós do Movimento Nossa Classe fazemos parte e chamamos a apoiar a Chapa 1 “Em Defesa do Sindipetro-RJ: Independência de verdade e unidade para lutar” nas eleições do maior sindicato petroleiro do país o Sindipetro-RJ.




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