Crivella fez seu discurso de posse no mesmo tom da campanha: com muita hipocrisia e cinismo. Ele afirmou que venceu uma onda de preconceito contra sua campanha, e agradeceu Freixo e o apoio da Igreja Católica.
domingo 30 de outubro de 2016 | Edição do dia
Após vencer a eleição com 59% dos votos, Crivella fez um discurso recheado de declarações hipócritas. Uma delas foi seu agradecimento ao oponente, Marcelo Freixo (PSOL) “por sua luta”, a quem procurou caluniar das formas mais baixas durante a eleição, como enviando capangas para drogar e obter declarações falsas de Elisabete, esposa de Amarildo, sobre um roubo inventado de Freixo a doação feita para ela.
Ele também agradeceu o apoio que recebeu da Igreja Católica, feito por meio de nota de Dom Orani Tempesta, como reação a um manifesto de padres em apoio a Freixo. Crivella fez menção à uma suposta “onda de preconceito” que sua campanha teve que vencer: “Quero (...) agradecer a todos e a toda a Igreja Católica que nos apoiou, vencendo uma onda enorme de preconceito levantada na campanha eleitoral e por parte de uma mídia facciona, inimiga jurada da nossa candidatura. E agradeço também aos espíritas, umbandistas, aos do candomblé e aos que também não têm religião, são agnósticos, são ateus.”
A falsidade dessa declaração é evidente para qualquer um que conhece a trajetória de Crivella como bispo, seu livro “Evangelizando na África”, e o papel que a Igreja Universal à qual pertence cumpre cotidianamente na discriminação às religiões de matriz africana e até mesmo aos católicos.
Ele esteve acompanhado de aliados que procurou esconder durante a campanha, como Clarissa Garotinho (seu pai, o ultra rechaçado Anthony Garotinho, continua nos bastidores), bem como seus adversário de ontem, que depois se uniram a ele numa grande confluência de golpistas para o segundo turno: Indio da Costa (PSD), Carlos Osorio (PSDB) e Flavio Bolsonaro (PSC), que também estava com seu pai, o deputado fascista Jair Bolsonaro.
Crivella ainda agradeceu a deus, no início e no fim do discurso, dizendo que tem a certeza de que ele estará a seu lado para cumprir o mandato “com honradez” e disse que vai fazer um governo para honrar os princípios da “civilização carioca”.
Veja abaixo o discurso: