Comemorando a escalada do autoritarismo judiciário e o ataque contra o direito de o povo decidir em quem votar sem a interferência dos juízes, com altos salários e que não foram eleitos por ninguém, a direita comemora a continuidade do golpe institucional permitindo a prisão arbitrária de Lula.
Douglas SilvaProfessor de Sociologia
quinta-feira 5 de abril de 2018 | Edição do dia
Políticos da direita saem em defesa do judiciário golpista, o mesmo que poupa tantos deles, e exaltam o que chamam de um “julgamento histórico”. Falando de democracia e de combate a corrupção, figurões da direita, conhecidos pelos inúmeros casos de corrupção e impunidade garantida pelo mesmo judiciário golpista, comemoram o avanço do golpe institucional contra os trabalhadores e os direitos democráticos dessa democracia degradada.
Para o reacionário deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), saudosista da ditadura militar e, junto de toda família Bolsonaro, envolvido em diversos casos de corrupção, “não se comemora a condenação de um adversário político corrupto, mas sim um passo a favor do resgate de um país sério, respeitável e com credibilidade. ”
Além de todo discurso de ódio da família Bolsonaro, os pedidos de que a intervenção federal no Rio possa matar como as tropas no Haiti, a família de Eduardo Bolsonaro está longe de qualquer credibilidade para falar de corrupção.
Doria, derrotado pelos professores em sua reforma da previdência, comenta condenação de Lula
Em São Paulo, o prefeito, João Doria (PSDB), diz que a prisão aguarda Lula e que “essa corajosa decisão da justiça é um golpe duríssimo no PT e ajuda a fortalecer a esperança de um país mais justo e sem corrupção. ” Um golpe que Doria espera contra toda a esquerda e a classe trabalhadora, depois de ter sua reforma da previdência derrotada nas ruas de SP.
Na sequência...a direita que fala de democracia mantendo trabalho escravo em suas fazendas
O próximo político nojento da direita a comentar a condenação de Lula foi o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). "O que precisamos agora é buscar a consciência do eleitor para que tenha em mente que maus políticos não podem mais participar do processo eleitoral. Que a nossa democracia está madura e não permite mais ser subjugada por projetos de poder pautados no populismo e na corrupção. ”, disse o senador golpista.
Retirar alguns políticos do processo eleitoral enquanto se mantem tantos outros envolvidos em corrupção, como o próprio Caiado, impedindo de o povo decidir em quem votar, parece ter se tornado comum nessa democracia degradada dos de toga.
O próprio senador, senhor de escravos e herdeiro da Arena, que enche a boca para falar de democracia, mantinha trabalho escravo em suas fazendas.
O ministro da educação, que não queria discussão sobre o golpe nas universidades segue o aplaudindo
Para o ministro golpista da educação, Mendonça Filho (DEM-PE), diz que “a partir de agora, Lula é inelegível. Num Estado de Direito todo cidadão tem que respeitar as instituições e cumprir as decisões judiciais. ”
Mendonça, figura importante do golpe institucional, é herdeiro político e material da ditadura militar. Seu pai, José Mendonça Bezerra, era um fazendeiro importante de Pernambuco e foi deputado federal pela ARENA entre 1975 e 1983. Seguiu no cargo com outras legendas: PDS, entre 1983-1987, pelo PFL por mais de dez anos, entre 1987 e 1999, e por fim o DEM, entre 2003 e 2007.
O ministro da educação do golpista Temer é um dos maiores responsável pelo sucateamento na educação, contra o ensino superior público e responsável por tentar censurar as universidades pelo país.
Contra o autoritarismo judiciário e a direita: os métodos da luta de classes
Para enfrentar a direita e a escalada autoritária do judiciário, somente a organização dos trabalhadores desde a base é possível para vencer. A CUT e CTB devem cessar a trégua ao governo golpista de Temer fazendo chamados nacionais à mobilização dos trabalhadores desde cada local de trabalho e estudo, organizando assembleias democráticas para que decidam os melhores métodos de se lutar para vencer.
É necessário que não sejam os juízes, com altos salários e sem serem eleitos por ninguém, mas os trabalhadores e povo, que decidam em quem votar. Por isso é necessário impor, com a força da mobilização, uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que revogue todos ataques de Temer e dos governos anteriores, que garanta que todo juiz seja eleito e revogável e ganhe como uma professora, que todo caso de corrupção seja julgado por juri popular entre outras medidas para dar uma resposta a todos problemas políticos, sociais e econômicos do país.