Após mais de um ano sob o comando do militar Darcton Policarpo Damião e diante do escândalo internacional das queimadas do Pantanal e da Amazônia, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) será dirigido por Clezio Marcos de Nardin, engenheiro elétrico nomeado pelo Ministro Astronauta e amigo de Bolsonaro, Marcos Pontes.
sexta-feira 2 de outubro de 2020 | Edição do dia
Foto: sindctespacial.blogspot.com
Clezio Marcos De Nardin é conhecido dentro do Inpe por ocupar o cargo de coordenador-geral de Ciências Espaciais e Atmosféricas. E assume a direção agora com um importante corte orçamentário que vem da Agência Espacial Brasileira. Desde o golpe institucional em 2016, o orçamento do Inpe baixou de R$ 207,5 milhões para R$ 147,2 milhões em 2018 e só no governo Bolsonaro perdeu mais 17% de orçamento, passando para R$ 118,2 milhões.
O Inpe sofre críticas por parte de Bolsonaro desde que, em 2019, as queimadas criminosas, a serviço do agronegócio, começaram a bater recordes de áreas devastadas. Bolsonaro afirmava que os dados do sistema Deter do Inpe eram mentirosos e insinuou que Ricardo Galvão, ex-diretor do instituto, estaria ligado a alguma ONG conspirando contra o governo, o que levou a sua exoneração. Desde então, o coronel da aeronáutica Darcton Policarpo Damião assumiu interinamente o cargo.
O vice presidente Hamilton Mourão, a frente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, recentemente tentou amenizar os dados dos satélites que mostram as queimadas, dizendo que “as imagens acusam todos os focos de calor, o que não significa incêndio, pois qualquer área com temperatura acima de 47º – uma fogueira por exemplo – é assim identificada”. Mourão afirmou ainda que “alguém” dentro do Inpe faz “oposição” ao governo querendo divulgar os dados que na verdade são públicos na internet.