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Precarização da Educação | Denúncia revela situação dramática em escola de Avaré-SP

Recentemente o Esquerda Diário recebeu uma denúncia anônima, através da Oposição Unificada Combativa na APEOESP, onde são relatados diversos problemas de falta de estrutura e negligência do governo na E. E. Abílio Raposo Ferraz Junior, escola PEI localizada em Avaré, SP.

terça-feira 12 de março | Edição do dia

A denúncia relatou que existem salas de aula, quadra e outros ambientes completamente interditados em função de uma reforma cujas obras ainda nem começaram, fazendo com que os espaços disponíveis sejam insuficientes para comportar todas as turmas de alunos, seja durante as aulas ou até mesmo nos intervalos onde os estudantes precisam comer sentados no chão ou numa arquibancada pois o espaço do refeitório foi remanejado para se transformar em uma sala de aula improvisada. Mesmo diante da inviável manutenção do cotidiano escolar regular, nem a gestão da Abílio Raposo e nem a Diretoria de Ensino de Avaré tomaram uma atitude para reorganizar a situação na unidade de ensino.

A solução encontrada pela gestão, a contragosto dos alunos, professores e comunidade escolar, foi de juntar duas turmas em uma única sala de aula e dividi-la com armários, superlotando o espaço com mais de 50 alunos e dois professores lecionando simultaneamente. O resultado é trágico, os alunos não conseguem se concentrar em uma aula pois são a todo momento confundidos pela fala simultânea dos dois professores e pelas conversas paralelas que se misturam entre uma turma e outra, além de estarem num ambiente com barulho excessivo, poluído sonoramente em razão da superlotação, fazendo com que nenhum professor consiga realizar o trabalho, já que os alunos não sabem qual professor ouvir. Ademais, os professores não têm espaço para sequer escrever na lousa, afinal as carteiras ficam muito próximas umas das outras tornando a mobilidade de professores e alunos quase impraticável, e impossibilitando qualquer relação de ensino-aprendizagem. Uma pessoa que trabalha na escola relatou: "fico com dó dos alunos e dos professores, alunos com dor de cabeça e professores com dor de cabeça, o ambiente tem barulho o tempo inteiro tornando o aprendizado impossível, é insalubre para todos"

Quando os professores não suportam mais o cotidiano que está posto no ambiente ensurdecedor das salas superlotadas e com 2 turmas ao mesmo tempo, os alunos são retirados de sala e colocados numa arquibancada externa para terem aulas ao ar livre, mas isso quase não é possível pois o sol extremo também é um fator limitante e de insalubridade para todos, fazendo com que esse improviso aconteça de forma esporádica.

O governo, a gestão da escola e a Diretoria de Ensino da região também negligenciaram o caso dos alunos com necessidades especiais, como TEA, dificuldade de mobilidade, baixa visão, ou outros casos de neuroatipicidade, que sofrem muito mais com toda a desestruturação, superlotação e barulho, o que pode aumentar o risco de agravo nas condições de saúde. Outra prova do descaso do governo que nos palanques discursa a favor da inclusão mas mostra desprezo absoluto na prática, incluindo a ausência de laudo de alunos que possivelmente precisariam de um professor especializado.

Funcionários também relataram que o serviço de internet da escola também não funciona, com instabilidade constante e quedas, fazendo com que a agenda de plataformização e digitalização do ensino, implementadas pela gestão de Tarcísio e Feder seja impraticável.

A desestruturação dessa escola não é um caso isolado. Inúmeras escolas se encontram em situações análogas devido à falta de investimentos e à precarização do trabalho dos professores e funcionários. Enquanto os trabalhadores da educação precisam fazer improvisos e se desdobrar, muitas vezes se desviando de sua função, o governo faz demagogia com a educação, alegando que há progresso num momento em que a realidade das escolas é profundamente dramática e os problemas reais de cada unidade de ensino e comunidade escolar continuam se agravando.

Mais uma vez a realidade das escolas públicas é escancarada, contrariando o discurso do governo que esconde os problemas estruturais e tenta legitimar e promover as plataformas digitais como se fossem um grande aprimoramento, sabemos que a digitalização serve aos contratos milionários e parcerias com empresas de tecnologia como a Multilaser, empresa que Renato Feder era CEO e hoje permanece como um dos acionistas majoritários. A extrema-direita rifa a educação de toda a juventude paulista, precarizando a vida e o trabalho de centenas de milhares de trabalhadores em função dos lucros de uma minoria de empresários e do desmonte do funcionalismo público.

Somente a organização de todos os trabalhadores da educação, associados ao movimento estudantil e às comunidades escolares, lutando nas ruas com greves e paralisações pode pôr fim aos projetos de privatização, à militarização das escolas, à venda dos nossos direitos e do ensino dos filhos da classe trabalhadora.




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