Os trabalhadores da Amazon no Estado Espanhol, Grã-Bretanha, Itália, França e Alemanha realizam greves e protestos durante esta "Black Friday" contra as condições de trabalho do magnata Jeff Bezos.
segunda-feira 26 de novembro de 2018 | Edição do dia
"Não somos robôs" é o grito em muitos dos centros de logística da Amazon em vários países europeus. O CEO da empresa, o magnata Jeff Bezos, que fez fortuna baseada na exploração com os baixos salários deste e-commerce gigante, está a ter uma verdadeira "Black Friday".
Trabalhadores do Estado Espanhol, Grã-Bretanha, Itália, França e Alemanha realizaram greves e protestos durante este "Black Friday", como é conhecido o dia de ofertas em que homens e mulheres trabalhadores têm que trabalhar ritmo muito mais rápido do que o normal para atender os milhares de pedidos que deixam milhões em lucros para a Amazon.
Um dos centros com maior atividade dos trabalhadores que está sendo bloqueado nesta sexta-feira é o de San Fernando de Henares, na periferia de Madri.
Marc Blanes é delegado CGT na Comitê da empresa Amazon no Estado Espanhol e em conversa com o Izquierda Diario disse que a greve começou com alta adesão, acima de 70%.
Nos arredores do armazém de San Fernando de Henares, pode-se ver desde cedo que o estacionamento estava meio vazio e que havia pouco tráfego de caminhões. Os delegados relatam que a Amazon "não está recebendo mercadorias e o tráfego de caminhões é muito mais lento do que o normal. A Black Friday está realmente sendo preta para a Amazon no MAD4."
Douglas Harper, delegado da CCOO (Comissões Operárias) no Comitê da Empresa, explicou ao Izquierda Diario que a causa da greve é a imposição unilateral de um novo acordo pela companhia: "Mudou nossas condições aplicando cortes claros, ambos na saúde trabalhista como na conciliação".
#HuelgaAmazon “El seguimiento está en torno al 70%”. Valoración de Marc Blanes, delegado por @CgtAmazonMad4 en el comité de empresa de #Amazon San Fernando #BlackFriday pic.twitter.com/yYiFS9bmuY
— IzquierdaDiario.es (@iDiarioES) 23 de novembro de 2018
Os piquetes mais fortes começaram às 5 da manhã: o frio e a chuva não impediram que vários grupos de trabalhadores se manifestassem em frente às portas para relatar a greve e bloquear a passagem de caminhões. Às 13 horas os piquetes foram reforçados novamente, já que no turno atrasado a empresa tenta evitar a greve com a entrada de trabalhadores temporários.
À tarde, será realizada uma manifestação denominada "Rodea Amazônia", que partirá às 18h00 da Renfe de Torrejón de Ardoz e chegará ao centro (C/Guarnicioneros) por volta das 18h30. Como em outras oportunidades, será uma manifestação unitária com outros trabalhadores em luta e grupos solidários.
Continúan los piquetes de la #HuelgaAmazon. Hoy a las 18 horas, #RodeaAmazon, marcha desde Torrejón de Ardoz al almacén de San Fernando de Henares #BlackFriday pic.twitter.com/3o3VfmhvZI
— IzquierdaDiario.es (@iDiarioES) 23 de novembro de 2018
Os trabalhadores encontraram uma grande operação policial desde o início da greve, e denunciaram o assédio contra alguns dos delegados e ativistas quando eles exerciam seu direito de greve e a piquete informativos.
Los trabajadores frenan a los camiones y ejercen su derecho a huelga / La policía 👮♀️ protege los intereses de #Amazon y vulnera derechos sindicales #HuelgaAmazon pic.twitter.com/KmAyvP3EyP
— IzquierdaDiario.es (@iDiarioES) 23 de novembro de 2018
O sindicato britânico GMB publicou um vídeo em que diferentes trabalhadores enviam uma mensagem em cinco idiomas para o CEO da Amazon, Jeff Bezos: "Nós não somos robôs".
This #BlackFriday Amazon workers worldwide have come together with one message for billionaire Jeff Bezos. We are not robots, treat us with dignity and respect.
Please share their message 👇#AmazonWeAreNotRobots pic.twitter.com/jwwSndkiOt— GMB UNION (@GMB_union) 23 de novembro de 2018
O jornal italiano Corriere Della Sera informou que os gerentes tiveram que intervir e empacotar muitos dos itens para tentar atender a demanda da Black Friday contra a greve dos trabalhadores.
Por seu lado, o sindicato italiano CGIL anunciou o "estado de emergência e mobilização" no marco que iria realizar diferentes protestos sexta-feira em solidariedade com os trabalhadores de Amazon, fora das instalações da empresa.
Na França, trabalhadores da Amazon anunciaram o apoio do movimento de "coletes amarelos", como é do conhecimento dos manifestantes que protestam contra o aumento de combustível decretado pelo governo de Macron. Os "coletes amarelos", caracterizados pelo maciço bloqueio de estradas, anunciaram que ajudariam os trabalhadores a bloquear os acessos aos centros logísticos da empresa.
Os protestos também envolveram a organização ambientalista Les Amis de la Terre (Friends of the Earth), que acusa a Amazon de causar danos ambientais destruindo produtos não vendidos e não ajudando a recuperar resíduos elétricos e eletrônicos.
Francia 🇫🇷 La CGT convoca huelga en #Amazon Lauwin- Planque y el movimiento de los “chalecos amarillos” bloquea la salida de camiones 🚛 de Amazon #BlackFriday #GiletJaunes pic.twitter.com/IVH9zqjxwV
— IzquierdaDiario.es (@iDiarioES) 23 de novembro de 2018
O caso do Estado Espanhol é paradigmático, pois foram oito meses de luta, que teve seu primeiro marco com a greve histórica de 48 horas em 21 e 22 de março, e sua continuação na greve de 72 horas que paralisou o armazém de San Fernando de Henares em julho. Nesta sexta-feira os trabalhadores voltaram a greve e vão começar um plano que inclui ações diferentes.
O plano de luta que começa com uma greve nos dias 23 e 24 de novembro - último fim de semana do mês e coincidindo com a Black Friday e continuará com novas greves nos dias 7 e 9 de dezembro "em plena ponte da Constituição" (parando o centro por 4 dias consecutivos), continuando nos dias 15 e 30 de dezembro e 3 de janeiro, no meio da semana de compras dos presentes de Reyes.
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