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PLENÁRIA DO PÃO E ROSAS | Babi: "As trabalhadoras do HU mostraram o caminho da luta"

Publicamos abaixo a intervenção da Babi, trabalhadora do Hospital Universitário da USP na plenária aberta do Pão e Rosas, colocando o papel das mulheres da saúde que são a linha de frente do combate a pandemia.

domingo 7 de março de 2021 | Edição do dia

Boa tarde à todas e todos que reservaram um tempinho pra tá aqui na Plenária do Pão e Rosas com a gente. Eu sou a Babi, trabalho no Hospital Universitário da USP.

Eu compartilho dessa certeza que Maíra fala de que é pela força das e dos trabalhadores combatendo juntos que poderemos sair da pandemia e de toda crise econômica, política e social que hoje massacra as mulheres, os negros, a juventude pelo mundo todo.

Vejo o enorme potencial e responsabilidade que tiveram as trabalhadoras da linha de frente, em particular as da saúde, mas tb as trabalhadoras dos transportes e outras atividades que não podiam parar. Essas mulheres foram parte fundamental do combate a pandemia, foi a nossa classe que colocou seus corpos e sua energia pra salvar vidas e pra manter funcionando as coisas essenciais. Essas mulheres tem nomes. Márcia, Maria Bernarda, Vivi, Elaine, Janete. Mulheres que tem seus medos, que passaram pela angústia constante com o risco de contaminar suas famílias pela falta de EPIs, sem ter testes massivos e periódicos, vendo a saúde pública padecer depois de anos em que todos os governos desmontaram o SUS. O Brasil é o campeão mundial em mortes de trabalhadores da saúde, onde a maioria são mulheres, fruto de toda essa precarização anterior à pandemia, mas por enorme responsabilidade do governo negacionista de Bolsonaro, dos militares que estiveram à frente do Ministério da Saúde e do Congresso que aprovou uma série de ataques às leis trabalhistas.

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No HU, eu e outras companheiras do PeR que estão aqui, Marília, Gabs, temos orgulho de ter estado, ao lado de várias dessas mulheres linhas de frente para lutar por condições de trabalho em meio a pandemia. E cada pequena luta dessas foi importante para cada trabalhadora reconhecer na outra as suas dores, mas também ver que juntas são pontos de apoios para erguer a cabeça e lutar.

E longe de se contentar em esperar que Dória, ou qualquer governador, fosse resolver a falta de vacina, as trabalhadoras do HU mostraram o caminho da luta. Nós escolhemos usar os métodos de luta da classe trabalhadora e não acordões, resoluções institucionais ou a tão propagandeada frente ampla que propõe o absurdo de fazermos unidade com quem vota ataques contra nós.

Com isso, apresentamos uma resposta dos próprios trabalhadores e isso foi determinante para transformar a indignação em uma luta intransigente contra a decisão da administração do HU de proibir as terceirizadas de serem vacinadas. Superando toda a divisão entre concursados e terceirizados se desenvolveu uma unidade entre os trabalhadores que tem muita força.

Essa unidade é uma lição estratégica contra a divisão da nossa classe, por isso lutamos contra a divisão imposta pela terceirização. Todo mundo já deve ter reparado que as mulheres são a maioria no serviço terceirizados de limpeza, não é mesmo? Nós do Pão e Rosas vemos que este é um combate estratégico porque tb é um combate contra a forma com que o capitalismo se apropria da opressão – que naturaliza as mulheres nesses serviços, para explorar ainda mais as mulheres da classe trabalhadora. Por isso em cada lugar que o Pão e Rosas está, lutamos ao lado dessas trabalhadoras, como falei aqui do HU, mas tb na faculdade de Odontologia, onde apoiamos as trabalhadoras terceirizadas ajudando a fortalecer sua auto organização pra lutar e reverter as ameaças de demissões. Muitas dessas trabalhadoras moram na favela da São Remo ao lado da USP, onde várias outras mulheres mães, chefes de família, batalham sozinhas pra sustentar seus filhos. E hoje organizam uma luta por moradias dignas na ocupação Buracanã como resposta ao aumento das demissões fruto dos ataques de Dória e Bolsonaro.

Em todas essas lutas, o apoio da juventude que estuda na USP foi fundamental porque essa aliança entre a juventude e os trabalhadores tem um potencial explosivo que faz tremer a burguesia conservadora. E eu tô vendo várias jovens, estudantes, secundaristas aqui na plenária e por isso queria reforçar o chamado a estarem junto das trabalhadoras, da classe trabalhadora, porque somente a nossa classe pode dar uma resposta pra enfrentar a pandemia e a crise capitalista.




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