×

POLÍTICA | As centrais sindicais dirigidas pelo PT (CUT e CTB) se negaram a unificar estudantes e trabalhadores e agora, rumo ao 19 de junho, nova data de protestos, buscam transformar os atos em manifestações puramente eleitorais. Não podemos deixar que nossa raiva contra Bolsonaro seja canalizada para dentro das instituições deste regime político cada vez mais degradado. É preciso confiar nas nossas próprias forças.

As centrais sindicais dirigidas pelo PT (CUT e CTB) se negaram a unificar estudantes e trabalhadores e agora, rumo ao 19 de junho, nova data de protestos, buscam transformar os atos em manifestações puramente eleitorais. Não podemos deixar que nossa raiva contra Bolsonaro seja canalizada para dentro das instituições deste regime político cada vez mais degradado. É preciso confiar nas nossas próprias forças.

segunda-feira 7 de junho de 2021 | Edição do dia

 Miguel Schincariol/Getty Images

Em um contexto de debilidade do governo Bolsonaro, uma paralisação nacional de trabalhadores, que se somasse às manifestações de rua, seria uma ação de grande impacto. Entretanto, as centrais sindicais como a CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, desde o início da pandemia se negam a conformar uma mobilização séria, ao contrário disso, preferem se utilizar das mobilizações tal como foi a do dia 29 de maio, como forma de construir campanha para Lula em 2022, canalizando qualquer expressão de luta e de insatisfação para as vias eleitorais enquanto milhares de pessoas morrem vítimas da pandemia. Por isso, é necessário exigir que dia 19 seja construído como uma grande mobilização nacional, que prepare uma paralisação da classe trabalhadora, unificando com os estudantes contra Bolsonaro, Mourão, e os militares.

Erguer essa força é cada vez mais urgente para combater o governo Bolsonaro e todos os atores do regime golpista, que continuam a aplicar duros ataques contra a classe trabalhadora. A mobilização do dia 29 mostrou os limites da lógica hipócrita da Globo, de alguns governadores e de setores do Congresso, que defendiam a política do “fique em casa” como resposta à pandemia. É também esse mesmo argumento que as direções dos sindicatos e grandes centrais sindicais colocam para justificar sua própria paralisia frente a tantos ataques enquanto a ampla maioria da classe trabalhadora é obrigada a seguir trabalhando, pegando transporte público lotado e sem condições sanitárias de prevenção da transmissão da Covid.

Essa política também serve de argumento para os governos aumentarem a repressão contra a juventude e os trabalhadores nas ruas. Isso tudo sem garantir testagem massiva, liberação de grupos de risco, auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo e outras condições para que de fato possa existir um isolamento racional que sirva para conter a propagação do vírus.

Buscando controlar a insatisfação com o governo de Bolsonaro e Mourão, o PT busca transformar as manifestações em atos de apoio a Lula em 2022, canalizando a disposição de luta que se expressou no dia 29 para as eleições. A questão é que é urgente ampliar a mobilização hoje, porque até 2022 inúmeros novos ataques serão aprovados, milhares morrerão de Covid, de fome e com a violência policial. Além disso, Lula já mostrou que quer governar com golpistas e com a direita, como fez em seus governos anteriores, e inclusive não se opõe a medidas como o avanço na privatização da Caixa. Na prática as centrais sindicais, assim como Lula e o PT, também perdoaram os golpistas com seu imobilismo, negociando os direitos dos trabalhadores.

Por isso é necessário a auto-organização dos trabalhadores, exigindo das direções dos sindicatos que organizem as categorias em cada local de trabalho, atuando para que essa manifestação do dia 19 seja uma forte demonstração da nossa raiva contra o governo e todos os ataques dos golpistas do Congresso e do STF, e não um passivo palanque rumo às eleições.

Não podemos deixar com que nossa indignação seja canalizada para as vias institucionais, muito menos para o fortalecimento da CPI do Covid, um verdadeiro teatro que tem como objetivo responsabilizar apenas Bolsonaro pelo descontrole da pandemia, desgastando o governo e livrando a cara de governadores, do Congresso e STF, que também são responsáveis. É necessário que o dia 19 seja um dia de lutas contra Bolsonaro e todos os atores do regime, exigindo que sirva como preparação de uma paralisação nacional que sindicatos e centrais sindicais precisam convocar.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias