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31 DE MARÇO | 31 de março: dia do massacre, da ingerência externa, do entreguismo e subordinação

Felizes são os departamentos de Estado e Justiça norte-americanos, alegre é o Comando Sul dos EUA, e mais ainda satisfeita as frações da burguesia estadunidense - do petróleo, em especial - diante de um oficialato brasileiro, que comanda as Forças Armadas, tão entreguista e subordinado a seus interesses imperialistas. É isso que está sendo comemorado no dia de hoje: a ingerência externa no país, os ataques à soberania nacional e a repressão de sua própria população.

Mateus CastorCientista Social (USP), professor e estudante de História

quarta-feira 31 de março de 2021 | Edição do dia

Até o meio da semana, assistimos ao atrito entre Bolsonaro e militares, que de surpresa protagonizaram a crise política do governo federal. Contudo, hoje, data do golpe militar de 64, é um dia para demonstrar que, por trás de divergências, se mantém os acordos fundamentais. Não só pelo ódio à esquerda e o completo medo de quando a classe trabalhadora se impõe na política; não só pelo golpismo e desrespeito às próprias regras do jogo democrático-burguês; hoje é um dia especial que comemoram toda sua história escravista e repressora no território nacional que deveriam proteger, e entreguista e subordinada ao imperialismo americano que em toda sua história pisoteou a soberania nacional de nosso país.

A celebração da ditadura de 64: Um elo inquebrantável entre Bolsonaro e os Militares

Sobre a história das Forças Armadas machada de sangue, leia o artigo Os massacres e repressões das Forças Armadas: Canudos e Revolta da Chibata.

Sobre a aliança entreguista e subordinada de Bolsonaro e Militares, leia o artigo Militares e Bolsonaro: uma aliança pelo entreguismo e subordinação aos EUA.

O golpe militar de 64

O golpe militar de 64 é historicamente o evento mais reconhecido neste sentido. Foi quando os militares, junto aos latifundiários que temiam o movimento camponês em crescente radicalização no interior e aos empresários urbanos que viam a classe trabalhadora cada vez mais se colocando na política nacional, decidiram invadir Brasília com seus tanques de guerra. Não só os militares decretaram leis - que hoje encontram sua continuidade na Lei de Segurança Nacional - para reprimir através da tortura, assassinato e perseguição o movimento operário e camponês, como documentos provam o absoluto apoio americano, que já garantia um navio com suas forças armadas na costa brasileira, caso houvesse resistência ao golpe.

O terrorismo de Estado tinha um objetivo: proteger o capitalismo brasileiro e sua desigualdade social massacrante, que foi preservado com perfeição pelos ditadores que se articulavam com empresas imperialistas, como a Volkswagem, para desarticular e perseguir o movimento operário nas fábricas, ou também pela relação tão íntima entre a ascesão do grupo Globo e a Ditadura Militar. Ao mesmo tempo, os militares realizaram um genocídio indígena em sua “ocupação do norte” qe diziam ser uma preocupaçãoda soberania, mas nada mais era do que uma política em nome dos grandes latifundiários, a mesma presença da morte se via nas periferias, onde grupos de extermínio aterrorizavam a população, como hoje a Polícia Militar continua a fazer.

A classe trabalhadora e movimento negro batalharam heroicamente contra os militares e seus torturadores, como quando os operários no ABC ao final da década de 70, organizaram um levante operário gigantesco que, quando viu Lula - já na época um conciliador - ser preso, se radicalizou e causou uma ferida de morte na Ditadura Militar, que teve que buscar os liberais e reformistas para garantir uma transição “lenta, gradual e segura”, conseguindo o perdão aos seus crimes e a manutenção de mecanismos autoritários na constiuição de 88, como a própria LSN e o artigo 142 da Constiuição - garantido com o sequestro de um deputado por um general.

Saiba mais através do Dossiê Teórico: Luta de Classe e Golpe Militar de 64

Abaixo a LSN, o artigo 142 e punição aos agentes da ditadura

Neste dia 31 de março, é a data do golpe de 64. Há 57 anos os militares deram mais uma amostra no que sempre foram profissionais e exemplares durante a história: massacre e repressão do povo pobre e trabalhador por um lado, e subordinação e entreguismo aos EUA por outro. O ódio e medo das classes exploradas e oprimidas e a idolatria das classes altas nacionais e, mais ainda, do imperialismo e suas armas, é uma marca registrada do oficialato brasileiro, que se ajoelha para a ingerência externa e aponta o fuzil para a população que se revolta contra a situação de miséria.

O que defende o Esquerda Diário: Abaixo a Lei de Segurança Nacional da ditadura! Fora Bolsonaro, Mourão e os golpistas

Como os explorados do passado, derrotados, a classe trabalhadora hoje precisa justificar o medo que os opressores por ela sentem e se organizar para a vitória. Se o Estado brasileiro conta com o monopólio das armas e a ingerência direta do imperialismo americano contra a soberania nacional, a classe trabalhadora precisa ser o sujeito que unifique todos os setores oprimidos, como os negros e camponeses que sentiram por toda história a violência arbritrária em sua pele, numa luta contra os poderes autoritários que hoje comandam o país, poderes que sempre apontaram o fuzil e atiraram contra aqueles que questionavam diretamente ou não o domínio do lucro e da propriedade privada, .

Da mesma maneira que defender um programa anticapitalista que ataque os lucros, acabar com a Lei de Segurança Nacional, extinguir o artigo 142, condenar e punir todos os seus agentes e torturadores da Ditadura Militar, é uma tarefa para a esquerda pró-operária e independente que vê como um objetivo seu fazer justiça não só pelos vivos, mas por todos os mortos que caíram lutando contra a exploração e opressão.

Análise: As tensões nas Forças Armadas para além do jogo de cena




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